Falta ainda um mês para o São João, mas já tem muita gente de olho nos quitutes juninos e criando estratégias para comprar sem pesar tanto no bolso. E é bom se preparar mesmo, porque alguns itens estão mais caros. O campeão de aumentos é o coco seco médio que, de 2021 para 2022, subiu 66,6%. No ano passado, o cento custava R$ 120, agora está custando R$ 200. Empatados em segundo lugar estão o milho branco do mungunzá e a farinha de mandioca, com 50% de aumento. Os valores são os praticados na Central de Abastecimento de Salvador (Ceasa).

“É oferta e demanda. Quando o São João vai se aproximando, os itens juninos vão ficando mais caros. A expectativa para este ano é de que o aumento seja dentro do padrão porque tivemos boas chuvas e acreditamos que os preços vão ficar equilibrados”, diz Márcio Roberto Almeida, presidente da Associação dos Permissionários da Ceasa (Aspec),

No ano passado, 10 kg de milho branco custavam R$ 50. Agora, a mesma quantidade sai por R$75. O saco de 50 kg da farinha de mandioca era vendido por R$ 160 e aumentou para R$ 240. Márcio Roberto alerta que os preços devem subir ainda mais em junho.

Em janeiro deste ano, o cento do coco seco médio custava R$ 150. Em cinco meses, o produto variou entre R$ 180 (em março) e R$ 250 (em abril). Apesar da alta, houve uma redução de 25% do mês passado para este mês. O milho branco custava R$ 70 nos dois primeiros meses deste ano. O preço subiu para R$ 75 em março e se mantém até hoje.

A farinha de mandioca começou o ano custando R$ 200 o saco de 50 quilos, chegou a R$ 230 em fevereiro e sofreu uma nova alta em março, de R$ 10, que ainda se mantém. De janeiro a maio, o preço variou 20%. O reajuste do aipim foi o menor, de 16%, de R$ 50 em janeiro para R$ 60 em maio, segundo a Aspec.

Agricultura familiar

A maior parte da produção dos alimentos juninos vem da agricultura familiar. Apesar disso, como são produtos que o país também exporta, o coco e o milho tendem a aumentar sempre que o preço internacional é mais atrativo, como explica o economista Antônio Carvalho, professor e consultor de economia e finanças.

“Como o preço internacional é melhor, por conta do aumento do dólar, todo produto exportável fica mais interessante vender para fora e logo acaba aumentando dentro do país, como aconteceu com a carne e outros produtos que exportamos”, esclarece.

O mesmo ocorre com o milho. “O milho branco pega carona no milho, que também exportamos. Mas o principal fator do aumento ainda é a demanda do período. Nós, que somos baianos, sabemos o que acontece com o quiabo no período festivo”, completa.

Mais baratos

Nem só de carestia vive a ceia junina, também há itens que tiveram queda de preço. O saco de 20 kg de amendoim, por exemplo, sofreu uma redução de 42,8% de 2021 para 2022. De R$ 140, o preço foi para R$ 80. O saco de 25 kg da laranja pera grande, que custava R$ 35 em maio de 2021, baixou para R$ 30 em maio deste ano.

“A laranja e o amendoim, apesar de bem consumidos na época, não são produtos de exportação. Somado à superprodução propiciada pelas chuvas em períodos favoráveis ao plantio, a produção foi favorável", destaca o economista.

Dona Anita Borges, 72, é cozinheira e, nas festas juninas, faz bolos, canjica e pamonha para a família. “O pessoal adora, vem todo mundo da família para cá no São João. Dizem que o que eu faço é mais gostoso”, conta, rindo.

Para ela, nos mercados e feiras os preços não estão assustando tanto, ao menos por enquanto, mas faz a ressalva para o preço do amendoim, contrariando a diminuição do valor do produto na Ceasa. Em Feira de Santana, ela afirma que encontra 12 espigas de milho por R$ 10 e o quilo do amendoim por R$ 9. “Estou achando os preços equilibrados, só o amendoim que acho que está um pouco caro”, comenta.

Nice Guimarães, 56, é dona de um buffet que, para o São João, adiciona ao cardápio os itens juninos. Ela diz que já está sentindo bastante o aumento dos preços. “Eu comprei no mês passado aipim de R$ 3,99. Nessa semana, estava de R$ 6,99. O coco eu comprava por R$ 2,90 e agora está R$ 7,49. Quatro jenipapos eram R$ 2,00 e agora subiu para R$ 4,50. Isso sem falar do gás de cozinha que eu estou comprando por R$ 120 e na época junina não dura nem 15 dias porque esses itens todos consomem muito. Os bolos de aipim e carimã levam muito tempo no forno, as caldas, o jenipapo”, enumera.

Ela conta que busca estratégias para driblar os preços elevados, como comprar em quantidade maior e com antecedência. “Eu compro o carimã, aipim, milho, por exemplo, e congelo. Agora, o coco eu não gosto de congelar porque ele ralado, no freezer, fica com um cheiro ruim”, diz. Outra estratégia que passou a adotar foi iniciar a produção própria de licor, em vez de terceirizar.

Substituição

Para aliviar o bolso de quem trabalha vendendo ou de quem pretende fazer os pratos juninos em casa, Nice dá dicas de como substituir os ingredientes mais caros por outros mais baratos.

Na hora de preparar o bolo de coco, a mistura de leite de coco industrializado, leite integral e coco ralado industrializado pode entrar no lugar do produto 66% mais caro. “Precisei testar a receita para não deixar de vender este ano e todo mundo está falando bem”, conta a empresária.

Para não faltar o mungunzá na mesa, a dica é substituir o milho branco pelo arroz branco, ou seja, trocar mungunzá por arroz doce. O produto também pode substituir a farinha de mandioca. “O mingau de arroz, o bolo de arroz e o doce de arroz de corte ficam uma delícia como opção para entrar no lugar do milho branco”, garante Nice.

Licor inflacionado
Patrícia, 42, e Stephanie Rios de Almeida, 24, são mãe e filha e vendem licor em Salvador e Mairi, interior da Bahia. Stephanie é dona da Maria Sampaio Confeitaria e, no período de festas juninas, conta com a ajuda da mãe para vender também licores.

“Minha avó sempre fez licor e resolvi trazer essa tradição familiar para a empresa”, conta Stephanie. A expectativa para 2022 é de crescimento, já que a volta das festas vai atrair turistas para Mairi.

Stephanie diz que está sentindo o impacto dos preços elevados e colocando tudo na ponta do lápis para traçar um plano. “O aumento médio nos custos foi de 40%. Alguns dos campeões de aumento são leite condensado, creme de leite, cachaça 51, chocolate e até as frutas. Ainda não divulgamos o cardápio junino porque estamos fazendo as contas, pensando em estratégias”.

As alternativas vão desde a pesquisa de preço até a iniciativa de repensar a maneira como o produto final é ofertado. “Estamos fazendo muita pesquisa de preço, comprando em atacado, buscando promoções. Tem etiqueta, embalagens, etc, então estamos tentando fechar pacotes maiores com as gráficas para sair mais barato. Outra coisa que estamos pensando é oferecer outras opções de tamanho das garrafas de licor, em vez de somente as de 1 litro, a gente colocar também de 700 ml”, explica Patrícia.

Mariane Camandaroba, 44, tem junto com a mãe, Maria Alecia, 71, e a filha, Roberta, 23, a empresa Licor De Mainha. As vendas acontecem durante todo o ano e aquecem no período de São João. “No finalzinho de abril as vendas já começam a crescer e, em maio, já está bombando”, diz Mariane.

Ela conta que também percebe o aumento dos custos e que, por isso, deve aumentar o valor da venda dos licores.

“Estamos segurando para não passar para o cliente, até o momento estamos mantendo o mesmo preço do ano passado, mas o aumento deve acontecer em junho e a previsão é de, no máximo, acrescentar R$ 2 por licor. A nossa base é de leite condensado e esse item está muito caro”, explica.

Assim como percebido por Patrícia e Stephanie, Mariane conta que o que está pesando mais no bolso, além do já citado leite condensado, são as frutas. “Ano passado, eu comprei uma saca de maracujá de R$ 25 e hoje está R$ 45”, conta.

Por isso, ela também adota estratégias. “Uma alternativa para aumentar o nosso lucro e também atender uma demanda dos clientes foi a inserção de garrafinhas de 250 ml, que podem compor kits e fica bem legal até para presentear”, finaliza.

Preços dos itens juninos na Ceasa no dia 23 de maio de 2022:

Milho branco (10 kg) - R$75
Milho amarelo (30 kg) - R$65
Milho verde (cento) - R$40
Coco seco médio (cento) - R$200
Laranja Pera grande (25 kg) - R$30
Laranja Pera média (25 kg) - R$27
Laranja Lima (25 kg) - R$45
Laranja Bahia grande (24 kg) - R$45
Aipim (30 kg) - R$50
Amendoim (20 kg) - R$80
Farinha de mandioca (50 kg) - R$240

Preços dos itens juninos na Ceasa no dia 17 de maio de 2021:

Milho branco (10 kg) - R$50
Milho amarelo (30 kg) - R$65
Milho verde (cento) - R$50
Coco seco médio (cento) - R$120
Laranja Pera grande (25 kg) - R$40
Laranja Pera média (25 kg) - R$35
Laranja Lima (25 kg) - R$40
Laranja Bahia grande (24 kg) - R$55
Aipim (30 kg) - R$45
Amendoim (20 kg) - R$140
Farinha de mandioca (50 kg) - R$160

Variação de preços de 2021 para 2022:

Milho branco (10 kg): aumento de 50%
Milho amarelo (30 kg): mesmo preço
Milho verde (cento): diminuição de 20%
Coco seco médio (cento): aumento de 66,6%
Laranja Pera grande (25 kg): diminuição de 25%
Laranja Pera média (25 kg): diminuição de 22,8%
Laranja Lima (25 kg): aumento de 12,5%
Laranja Bahia grande (24 kg): diminuição de 18,2%
Aipim (30 kg): aumento de 11,1%
Amendoim (20 kg): diminuição de 42,8%
Farinha de mandioca (50 kg): aumento de 50%

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A uma semana do fim do prazo para a entrega da declaração do Imposto de Renda (IR), cerca de 412 mil contribuintes baianos ainda não acertaram as contas com o Leão do IR. É o seu caso? Ainda há tempo de recolher as informações necessárias para quitar a obrigação anual e passar ileso de penalidades que podem incluir multa, suspensão do CPF e até investigação por sonegação fiscal. A data limite para a declaração do Imposto de Renda 2022, referente às movimentações fiscais do ano passado, termina no dia 31 de maio e há nove situações em que o cidadão é obrigado a declarar (veja a lista completa no quadro ao lado).

Quem é obrigado a declarar e atrasar a entrega pagará uma multa mínima de R$ 165,74, limitada a 20% do imposto devido no ano. A Receita Federal espera receber, até o fim do prazo, 1.377.470 declarações na Bahia. Mas o número era de 965.122 até ontem à noite. No Brasil, foram 22.529.929 declarações enviadas até o último dia 16 - a projeção do Fisco é de que 34,1 milhões de pessoas declarem até o dia 31.

“O que eu percebo é essa cultura de postergar nossas obrigações fiscais, obrigações que também geram direitos, para nós e para os outros”, explica Tatiane Feijó, coordenadora do Núcleo de Apoio Contábil e Fiscal (NAF) da Unifacs.

A professora se refere ao fato de, desde 1979, o IR ser o primeiro em arrecadação para o cofres públicos brasileiros. Isso significa que o valor recolhido nas arrecadações compõe a receita do país e financia políticas públicas de diversos setores, como saúde e educação.

Em resumo, o IR funciona da seguinte forma: uma pessoa física ou pessoa jurídica (microempresários ou empresários, por exemplo) pagam parte da sua renda ao governo. Anualmente, o governo precisa realizar uma espécie de “reajuste anual”, explica Feijó, para verificar se o valor do imposto retido foi menor ou maior do que o devido.

Se foi menor, o contribuinte precisa pagar. Se foi maior, ele recebe um pagamento – oficialmente chamado de Restituição do Imposto de Renda. A Receita Federal já divulgou o calendário previsto para as restituições: entre o último dia previsto para a entrega das declarações e setembro, serão distribuídos os cinco lotes de restituição.

Especialista enviar declaração do IR até quarta-feira

A diversificação nos investimentos deixou a advogada Fernanda Serra, 28 anos, confusa quanto à quantidade de documentos que precisava levantar para enviar a declaração completa.

"Na primeira vez que eu declarei, não encontrei dificuldade, porque minha renda vinha de um lugar só", conta a advogada e empreendedora, que não pretende deixar até o último dia para completar o envio.

O imposto incorre, por exemplo, sobre o salário, os gastos com saúde, educação, pensão alimentícia e dependentes. No caso de Fernanda, como de outros contribuintes, a quantidade de informações necessárias para enviar a declaração cresce porque as fontes de rendimento também subiram.

Para evitar situações como essa, de dificuldade de compreender quais e quantos documentos são necessários para enviar o IR, o ideal é se preparar para a declaração ao longo do ano.

Essa estratégia pode ser possível por meio do armazenando em pastas (virtuais ou físicas) dos documentos necessários para a declaração – como notas fiscais geradas no pagamento ou na venda de serviços e informes de rendimento disponibilizados pelas instituições financeiras.

Como isso nem sempre acontece, Feijó, a coordenadora do NAF, recomenda que os contribuintes não deixem para declarar no último dia. Se isso acontecer, os riscos de enviar uma declaração com inconsistências aumentam.

Isso deixa o cidadão mais suscetível a ser flagrado pelo "leão", como é comum se referir às situações em que brasileiros são flagrados com irregularidades fiscais, depois de uma campanha publicitária dos anos 80, que associou um leão ao fisco.

Os possíveis erros de quem declarou podem ser reparados depois do prazo - é a declaração retificadora. Mas, nesse intervalo de tempo, também há o risco de uma suspeita de fraude ser analisada pelo governo. Ou seja, é melhor evitar.

“Historicamente, existe lentidão no sistema, porque são milhares de pessoas que vão deixar para fazer o no último minuto”, explica a coordenadora do NAF, que prestou auxílio gratuito a pelo menos 350 pessoas de baixa renda que precisam declarar seus rendimentos.

Foram 26 estudantes, além da professora, envolvidos no envio das declarações. “Nós mesmos vamos enviar tudo até quarta-feira”. Quem não declarar o IR ainda pode ficar sujeito a punições que incluem até a suspensão do CPF, que impede o acesso a serviços básicos – como matrículas em instituições de ensino, inscrição em concurso públicos e problemas com as contas correntes e poupança.

Dúvidas frequentes

A economista e professora do curso de Ciências Contábeis da Unijorge Débora Guimarães, realizou este ano, através da instituição, uma campanha de consultoria gratuita para os declarantes do IR.

De acordo com ela, as dúvidas mais frequentes no momento da declaração estão relacionadas ao valor de rendimento que determina a obrigatoriedade de declarar, à documentação necessária, à declaração de dependentes e à declaração de bens. (confira no final da matéria)

Onde obter ajuda gartuita para declarar

O Núcleo de Apoio Contábil e Fiscal (NAF), da Faculdade de Ciências Contabéis da Universidade Federal da Bahia (Ufba) estará realizando declarações de Imposto de Renda até o dia 31 de maio. Os interessados podem buscar o apoio de maneira remota, por meio o e-mail O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo. ou presencialmente às sextas, na instituição.

QUEM É OBRIGADO A DECLARAR O IMPOSTO DE RENDA?*

1) Recebeu rendimentos tributáveis acima do limite (R$ 28.559,70);
2) Recebeu rendimentos isentos, não tributáveis ou tributados exclusivamente na fonte acima do limite (R$ 40.000,00).

3) Obteve receita bruta anual decorrente de atividade rural em valor acima do limite (R$ 142.798,50);
4) Pretenda compensar prejuízos da atividade rural deste ou de anos anteriores com as receitas deste ou de anos futuros.

5) Teve a posse ou a propriedade, em 31 de dezembro do ano-calendário, de bens ou direitos, inclusive terra nua, acima do limite (R$ 300.000,00).

6) Obteve ganho de capital na alienação de bens ou direitos, sujeito à incidência do imposto;
7) Optou pela isenção de imposto sobre o ganho de capital na venda de imóveis residenciais, seguido de aquisição de outro, no prazo de 180 dias;

8) Realizou operações em bolsas de valores, de mercadorias, de futuros e assemelhadas.

9) Passou à condição de residente no Brasil, em qualquer mês, e nessa condição se encontrava em 31 de dezembro do ano-calendário.

COMO DECLARAR O IMPOSTO DE RENDA?*

1) Acesse o sistema ou baixe o programa, preencha as informações que devem ser declaradas e envie à Receita Federal.

2) Se não for possível fazer a declaração por celular (IOS ou Android) tablet, baixe o programa e instale no seu computador.

3) Acompanhar o processamento da declaração para verificar a situação da entrega.

4) Se a situação da declaração indicar que está retida em malha, consulte as pendências e, se for o caso, corrija as informações enviando uma nova declaração (retificadora).

QUAIS DOCUMENTOS DEVO TER (PESSOA FÍSICA) PARA DECLARAR O IR?

1) Endereço atualizado;
2) Dados bancários;
3) Atividade profissional exercida atualmente;
4) Número do título de eleitor;

5) Declaração enviado no ano anterior - caso você tenha perdido, é possível emití-la via o portal e-CAC da Receita Federal;

6) Informe de rendimento relacionado a salários, pensões, pró-labore, aposentadoria, distribuição de lucros etc.;
7) Recibos ou informes de rendimentos relacionados a aluguéis;
8) comprovantes de recebimento de outras rendas ocorrido em 2021, tais como doações, pensões, heranças etc.

QUEM PODE SER DEPENDENTE NA DECLARAÇÃO DO IMPOSTO DE RENDA?

Filhos e enteados podem ser dependentes na declaração, desde que tenham até 21 anos de idade ou, em qualquer idade, se forem incapacitados física ou mentalmente para o trabalho. Se o filho completou 22 anos em 2022, ainda pode ser declarado como dependente neste ano.

*Fonte: Receita Federal.

 

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No início da pandemia, o isolamento necessário provocou o fechamento de bares e restaurantes, reduziu operações e o efeito colateral de tudo isso diminuiu a quase zero o número de contratos de fornecimento de pão de alho da empreendedora Cleide Andrade.

“Três meses após o início da pandemia eu já não tinha quase mais nenhum contrato. Os restaurantes tiveram quedas no faturamento, mudaram os cardápios e suspenderam a parceria. Eu recorri às redes sociais para conseguir manter o negócio e montei um sistema de entregas. Ainda assim, o faturamento não é o mesmo, porque o poder de compra das pessoas ainda está baixo”, afirmou.

O coronavírus veio em um momento que a empresa estava crescendo. A Rainha do Pão de Alho (@rainhadopaodealho), na época, tinha consolidado parceria com grandes marcas, contratado uma auxiliar e estava ampliando as vendas. “Eu recorri às redes sociais para conseguir manter o negócio e montei um sistema de entregas. Ainda assim, o faturamento não é o mesmo”, conta.

Apesar de a economia ter voltado a girar, a crise ainda afeta a rentabilidade e crescimento dos negócios. O número de empresas inadimplentes na Bahia aumentou 4,3% em 2022, na comparação com o ano passado. Até março, 289.650 micro e pequenas empresas estavam no vermelho, e os setores de serviço e de comércio são os mais afetados. O Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian, divulgado em maio, apontou que 5,51 milhões de negócios estão endividados em todo o Brasil, e os especialistas estão pouco otimistas com o futuro.

Diante desse cenário, não teve outro jeito: Cleide precisou buscar outras alternativas para garantir a sobrevivência do seu negócio. “Encontrei outra atividade para complementar a renda e abri uma empresa de entrega de quentinhas em parceria com uma amiga doceira que também foi prejudicada pela pandemia”. Pela manhã, as duas trabalham no Rango das Meninas (@rangodasmeninasofc) e, à tarde, se dedicam aos seus negócios individuais.

Segundo a pesquisa, o crescimento da instabilidade econômica foi provocado por uma sucessão de acontecimentos desastrosos. Primeiro, surgiu o vírus que arrastou o mundo para uma crise financeira. Depois, a inflação disparou, o poder de compra do consumidor diminuiu e o desemprego aumentou. E, em seguida, houve o reajuste nas taxas de juros.

No início do mês, por exemplo, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou a taxa Selic de 11,75% para 12,75% ao ano. Esse foi o décimo aumento seguido da taxa básica de juros da economia. Isso sem contar o fato de que o Brasil alcançou a maior inflação dos últimos 26 anos em um mês de abril, quando o índice chegou a 1,06%. Em 12 meses, os preços subiram, em média, 12,13%.

Professora de Administração da Unifacs, especializada em empreendedorismo e estratégia empresarial, Luciana Buck, destaca que o aumento da inadimplência no país não foi uma surpresa: “Não surpreende porque foram dois anos de pandemia, em que alguns setores ficaram até 12 meses sem funcionar. No caso da Bahia, foram dois anos sem carnaval, o que causou impacto direto nas áreas de serviço e comércio. Muitas empresas que pegaram financiamento para sobreviver nesse período, agora estão tendo que fazer lucro para conseguir pagar, mas o poder de compra das famílias ainda está baixo”, analisa.

Os setores mais prejudicados são os de serviço, que tem 2,8 milhões de inadimplentes, e comércio, com 2,2 milhões de endividados. Em seguida, aparece a indústria 446 mil e outros segmentos somam juntos 28 mil micro e pequenas empresas no vermelho. O presidente do Sindicato dos Lojistas do Comércio do Estado da Bahia (Sindilojas), Paulo Motta, pontua que cerca de 4 mil lojas fecharam as portas durante a pandemia e que 15 mil empregos foram perdidos. Ele reclama dos juros, mas está otimista.

“O reajuste de taxas como a Selic impacta diretamente nos setores de bens duráveis, aqueles que usam muito do crédito como móveis, eletrodomésticos etc. Então, isso atrapalha o crescimento. Mas acreditamos que teremos uma melhor recuperação no segundo semestre deste ano, e esperamos que no último trimestre a gente consiga atingir o patamar de antes da pandemia”.

Dividas de tributos, dívidas financeiras de tomada de credito, contratos com fornecedores e funcionários. O economista e educador financeiro, Edísio Freire, afirma que estas são as principais despesas que tiram o sono do empreendedor endividado. Assim como nas finanças pessoais, muitos negócios acabam operando sem reserva de emergência para momentos de crise.

“Aquelas empresas que tinham essa reserva conseguiram superar os efeitos de forma um pouco melhor, mas a grande maioria não teve isso. Sem economia girando, consumo e renda, inevitavelmente, as empresas se endividaram. As empresas que continuaram funcionando elevaram muito seu nível de endividamento com essa redução drástica na receita”, disse.

O conselho é reorganizar os números, entender qual é a real situação da empresa e trazer os elementos do endividamento para mesa. “E a partir daí, comece a traçar um plano dentro da capacidade financeira de operação do negócio para ir sanando essas dívidas. Busque acordos com fornecedores, instituições financeiras, aproveite linhas de parcelamento para tributos e vá diluindo essa dívida para tentar manter a empresa ativa”, orienta.

Virando o jogo
Se planejamento é o remédio, a administradora e fundadora da Cafeína Escola de Empreendedores, Anajúlia Paes recomenda um outro exercício para sair do vermelho: trabalhar com previsões. “É ter o controle das finanças não só em relação as contas a pagar e a receber, mas a noção do seu ponto de equilíbrio, ou seja, saber exatamente o quando precisa vender para poder pagar as contas”.

O passo seguinte é analisar de acordo com histórico de venda e de faturamento dos anos anteriores, cenários de períodos de desempenho melhor ou não dessas vendas, como explica Anajúlia. “Fazendo isso, o empreendedor vai ter ali uma análise financeira estratégica dos próximos meses junto com uma simulação, uma previsão de pior cenário, melhor cenário ou um cenário neutro. E a partir disso, fazer uma gestão preventiva”, completa.

A analista do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-BA), Adriana Pereira, ressalta que identificar oportunidades é crucial nesse momento em que o negócio tem a necessidade de recompor sua sustentabilidade. “A pandemia alterou muitos hábitos e o empresário precisa ficar atento para adaptar seu negócio ou oferecer um produto diferente que atende ao público. Uma possibilidade pouco explorada é a portabilidade de dívidas. É possível levar as dívidas de um banco para outro com taxas menores. Planejamento e controle são essenciais”.

Dicas para sair do vermelho

Renegocie as principais dívidas
Estenda os prazos, mesmo que isso signifique pagar mais juros, o importante é encontrar um meio de tornar os pagamentos viáveis. Quite dívidas com juros altos através de novos financiamentos com taxas menores e maior período de parcelas.

Erradique todo gasto desnecessário
Pequenos cortes como a substituições de papéis e impressões por processos digitais e a racionalização de água, luz e telefone podem ajudar. É importante não cortar os itens essenciais na recuperação do seu negócio.

Analise suas finanças diariamente
Saber o que entrou e saiu, qual foi o volume e o resultado do período ajuda a traçar melhores estratégias. O principal mecanismo a se ter controle é o fluxo de caixa: com ele, você saberá qual seu poder de renegociar as dívidas ou investir no que está dando resultado.

Foque em ações com os clientes
Vender itens pelo preço de custo, para girar o estoque e atrair mais clientes, pode ajudar. No começo, você não terá grandes lucros, mas ao menos terá um alívio financeiro e prospectará novos consumidores.

Faça um planejamento
É preciso ter paciência e projetar uma recuperação a médio e longo prazos. Para isso, o planejamento é indispensável. Crie metas, trace indicadores para os próximos meses e busque soluções de mercado para a recuperação.

Peça ajuda
Há uma série de especialistas e profissionais que podem te ajudar a arrumar as contas, mas é preciso estar aberto às mudanças. Funcionários que atuam na ponta também podem ter boas ideias.

Seja transparente
Converse com os clientes e fornecedores, abra os números e tente renegociar. Busque alternativas como investidores para o seu negócio. Você terá que aceitar novos sócios, mas pode salvar sua empresa.

Fique atento às oportunidades
A pandemia alterou a cara de diversos negócios, perceba o que mudou na sua área, analise as ameaças e use da criatividade. Talvez seja necessário adaptar o negócio ou o produto e expandir para outras plataformas e mercados.

Faça o cálculo do seu custo
Muitas vezes o concorrente está vendendo por um preço mais baixo porque está desesperado e vendendo com prejuízo. Faça as contas e, caso seja necessário, substitua insumos ou altere processos para ser mais competitivo.

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Enfraquecimento na economia, restrições, desaquecimento na oferta e demanda. Não foram poucos os impactos que o coronavírus foi capaz de provocar em toda a cadeia produtiva. E a indústria sentiu o peso de tudo que a covid-19 trouxe. Segundo dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), desde que iniciou a pandemia, a indústria baiana chegou a operar num patamar 19,9% abaixo de fevereiro/20. Porém, esse cenário já apresenta mudanças favoráveis para o momento de recuperação do setor, trazendo junto também oportunidades que podem fomentar uma retomada mais forte e competitiva.

Ainda de acordo com o IBGE, já no início desse ano, a produção industrial baiana avançou: voltou a crescer em março (8,6%), após 14 quedas seguidas, com o segundo melhor resultado do país no mês e o maior avanço para março no estado em 12 anos. Só para se ter uma ideia, no mesmo período, 6 das 11 atividades da indústria de transformação avançaram, e o crescimento geral no estado foi puxado pelos derivados do petróleo que alcançou 37,9%. No acumulado nos três primeiros meses do ano, a Bahia é um dos seis locais com resultado positivo (2,3%), bem à frente do registrado no país como um todo que apresentou queda de 4,5%.

“De modo geral, a pandemia trouxe impactos significativos no ambiente econômico. A paralisação de setores importantes da oferta acabou reduzindo encomendas, gerando problemas sérios em um conjunto de cadeias produtivas, faltando o fornecimento de insumos, gerando o que a gente chama de choque de oferta e, além disso, a gente teve também a questão da logística internacional”, explica o superintendente da Federação das Indústrias da Bahia (Fieb), Vladson Menezes.

Além da pandemia, a indústria baiana ainda teve outros fatores mais específicos que aumentaram os desafios para o setor: “Um, diz respeito ao fechamento da Ford, em janeiro de 2021, que fez com que a produção de veículos automotores caísse 95%. Em seguida, o refino, com a privatização da refinaria e que teve no seu primeiro ano esse processo de repasse das suas operações para a iniciativa privada com a paralisação das suas instalações e uma redução inicial. Porém, isso já está sendo revertido na indústria de transformação”.

E essa virada de jogo já aponta para uma perspectiva de retomada de crescimento a curto prazo, sobretudo, favorecido pela recente ampliação do Tecom e aeroporto também, além da retomada da produção dos derivados de petróleo no estado pela Acelen, como complementa Menezes.

“Temos ainda vários protocolos de intenção de investimento foram realizados na Bahia. Boa parte em energias renováveis, o que é uma tendência. Em seguida, vem a mineração, além de outros investimentos previstos na química, petroquímica, no setor metalúrgico, siderúrgico e também na produção de minerais não metálicos. Tudo isso aponta oportunidades importantes”.

Avanços
Para o diretor industrial da Braskem na Bahia, Carlos Alfano, a resiliência, investimento em tecnologia e agilidade na adequação da forma de trabalho são mais alguns fatores que transformaram também a pandemia em um ambiente de oportunidades e estimularam novamente o crescimento. A empresa manteve suas operações industriais, e saiu mais fortalecida com resultados positivos.

“A pandemia reforçou o caráter estratégico da indústria química, essencial para fornecer insumos para várias outras indústrias, como a de alimentos, transportes, construção civil, higiene e, em especial, dos serviços de saúde. A química está presente, por exemplo, nas máscaras, seringas das vacinas, desinfetantes e álcool gel, medicamentos e várias outras aplicações fundamentais. Ao mesmo tempo, a crise sanitária aqueceu o debate sobre o uso do plástico, trazendo um novo olhar para os benefícios desse material para a sociedade”, diretor industrial da Braskem na Bahia, Carlos Alfano.

Para o presente e futuro, a Braskem deve continuar investindo no fomento a economia circular. “Como uma solução simples, barata e eficaz, o plástico cumpre um papel significativo na segurança e prevenção, principalmente em momentos de crises sanitárias como a que vivemos. Vamos continuar investindo em materiais inovadores e sustentáveis e estimulando o uso consciente, o descarte adequado, a reciclagem e o reaproveitamento de resíduos”, pontua Alfano.

Quem também aposta no cenário favorável ao crescimento do setor é o diretor-executivo da Larco, Alberto Costa Neto.

“A gente buscou ter muita flexibilidade e resiliência no momento em que não sabíamos até onde a pandemia ia. A principal atitude foi se reinventar sem perder o seu foco de performar dentro do seu planejamento estratégico. Claro, que algumas ações foram congeladas e postergadas em determinados momentos, mas nunca deixamos de entregar e realizar nossos planos, seja de crescimento de frota ou de operações”, diretor-executivo da Larco, Alberto Costa Neto.

Como a indústria conseguiu lidar com a pandemia? É justamente esse aprendizado que o Caderno Indústria Forte, que será publicado na próxima quarta-feira, compartilhará com o leitor do CORREIO. O especial vai trazer ainda expectativas de investimentos e avanços tecnológicos que acompanham a linha do tempo da indústria da Bahia, que tornam o setor tão importante para a economia do estado e mostram a sua capacidade de resiliência. Não deixe de conferir.

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Com o processo de privatização da Eletrobras, trabalhadores poderaõ usar os recursos no Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) para comprar ações da companhia. Será permitido utilizar até 50% desse saldo.

A compra se dará pelos chamados "fundos mútuos de privatização", dispositivo criado nos anos 2000 e já usado pelo governo na venda de papéis de outras estatais.

Em março, a Caixa Econômica Federal publicou procedimentos e regras de utilização dos recursos para os trabalhadores que tenham interesse em participar de qualquer oferta de privatização autorizada no âmbito do Programa Nacional de Desestatização (PND).

Privatização
O plenário do Tribunal de Contas da União (TCU) aprovou nesta quarta-feira (18), por 7 votos a 1, o modelo de privatização da Eletrobras, estatal considerada a maior empresa energética da América Latina. Esta era a última etapa pendente para que o governo pudesse executar o processo de desestatização da companhia, o que pode ocorrer ainda em 2022.

Votaram a favor os ministros Aroldo Cedraz (relator), Benjamin Zymler, Bruno Dantas, Augusto Nardes, Jorge Oliveira, Antonio Anastasia e Walton Alencar Rodrigues. O ministro Vital do Rêgo, que era o revisor do processo, votou contra.

Aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo presidente da República em meados do ano passado, a privatização da Eletrobras aguardava uma análise do TCU para ser concluída. A Corte de contas já havia aprovado, em fevereiro deste ano, a modelagem financeira da desestatização e, agora, validou a forma como a empresa será repassada para controle acionário privado, nos moldes propostos pelo governo federal, por meio da venda de papéis.

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A Acelen, refinaria privatizada da Bahia, reduziu o preço da gasolina e do diesel na última sexta-feira, seguindo o comportamento das variáveis de sempre - preço do Brent, dólar e frete -, informou a companhia que é braço do fundo de investimento árabe Mubadala. O diesel caiu cerca de 4% e a gasolina entre 1,2% e 2,3% na Refinaria de Mataripe.

A companhia tem feito reajustes semanais dos combustíveis, ao contrário da Petrobras, que tem levado meses para mudar seus preços. Com isso, os índices das mudanças de preço da refinaria baiana têm sido menores do que as da estatal, que no último dia 10 de maio aumentou o diesel em 8,9% para reduzir um pouco a defasagem que o combustível carrega em relação ao mercado internacional. A gasolina permanece com os preços inalterados há 63 dias, e a defasagem chega a 23%.

Nesta segunda-feira, segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), a defasagem média dos preços dos combustíveis no Brasil era de 22% para a gasolina e de 10% para o diesel, sendo que no porto de Aratu, na Bahia, a defasagem era de 16% e 1%, respectivamente.

Já nos portos, referência para os preços das refinarias da Petrobras - Santos, Itacoatiara, Itaqui, Suape e Araucária -, a defasagem da gasolina chega a 23% e do diesel, a 13%, apesar do aumento concedido pela estatal na semana passada.

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Um bolão com 34 cotas feito em Herval D'Oesto acertou as seis dezenas do Concurso 2.478 da Mega-Sena nesta quarta-feira (4) e vai receber R$ 59 milhões. O sorteio ocorreu na noite de hoje no Espaço Loterias CAIXA, no Terminal Rodoviário do Tietê, em São Paulo. As dezenas sorteadas foram: 02 - 17 - 23 - 28 - 39 - 46.

A aposta ganhadora, com oito números, foi feita na Bucco Loterias.

A quina teve 196 apostas ganhadoras e cada uma vai levar R$ 27.088,07 e a quadra teve 10.963 apostas ganhadoras, com prêmios de R$ 691,84.

No próximo concurso, com sorteio no sábado (15), o prêmio estimado é de R$ 3 milhões.

As apostas para os concursos podem ser feitas até as 19h nas casas lotéricas, no portal Loterias CAIXA e no app Loterias CAIXA. Clientes do banco podem usar o Internet Banking CAIXA. 

O valor de uma aposta simples na Mega-Sena é de R$ 4,50.

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Os combustíveis tiveram mais um reajuste na Bahia. A Acelen, que administra a refinaria de Mataripe, anunciou aumento nos preços do diesel e da gasolina, e uma redução no valor do gás de cozinha (GLP).

Para o diesel S10, o reajuste foi de 11,3% e para o diesel S500, 11,4%. Já para a gasolina o aumento foi de 6,7%.

Já o GLP teve uma redução de 10,%.

Em nota, a Acelen informou que os preços da refinaria "seguem critérios de mercado que levam em consideração variáveis como custo do petróleo, que é adquirido a preços internacionais, dólar e frete".

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Nos últimos anos, devido à crise que enfrentamos, as famílias têm visto seus orçamentos serem afetados, e em muitos casos de forma negativa. Vários ficaram inadimplentes e viram seus nomes nas listas dos órgãos de proteção ao crédito, como a Serasa ou o SPC. Como consequência, hoje se encontram com seu score afetado e com restrições para fazer novas operações de crédito e com mais dificuldades de reorganizar suas vidas financeiras.

De acordo com o Mapa da Inadimplência e Renegociação de Dívidas no Brasil, elaborado pela Serasa, o ano passado terminou com 63,97 milhões de inadimplentes e com 213,59 milhões de dívidas que somavam R$ 252 bilhões. Muitos com apenas 1 dívida, mas outros com três ou quatro, mas o valor médio da dívida para cada pessoa ficou em R$ 3.938,51.

A inadimplência este ano
Este ano o panorama da inadimplência continuou a mesma trajetória dos últimos meses: aumentar. Cada dia mais pessoas estavam com dificuldades de pagar suas contas no prazo estipulado e começaram a acumulá-las.
Até fevereiro, o Mapa da Inadimplência registrava 65,17 milhões de inadimplentes, uma elevação de 0,54% em relação ao registrado no mês de janeiro. Pela primeira vez, desde que iniciou a pandemia, o número de inadimplentes chegou a este patamar.

Em fevereiro de 2020, ano que começou tudo, a Serasa registrava 61,56 milhões de inadimplentes. A quantidade de pessoas inadimplentes foi aumentando até chegar em novembro no ponto máximo: 64,27 milhões, mas terminou o ano com 63,97 milhões.

Foram contabilizadas 221,34 milhões de dívidas que somam R$ 263 bilhões. O valor médio dessas dívidas é de R$ 1.190, mas se dividirmos o valor total que os consumidores estão devendo, teríamos que o valor médio por pessoas é de R$ 4.042,08.

Ao fazer uma análise por estados, todos têm mais de 30% da população com dívidas em atraso. O Amazonas é o que tem o maior percentual de inadimplentes, a Serasa registra que 52,12% da população adulta têm dívidas. Segue o Distrito Federal com 47,90%, e em terceiro lugar o Rio de Janeiro com 47,58%. No outro extremo da lista está o Rio Grande do Sul com 34,94% da população inadimplente, Santa Catarina com 33,36% e por último Piauí, com 32,75%.

As principais dívidas em fevereiro foram com os cartões de crédito e as operações com os bancos, como o empréstimo pessoal ou consignado (28,60%), em segundo lugar as dívidas de contas básicas, como água e luz (23,20%) e em terceiro no varejo (12,50%).

Do total de brasileiros inadimplentes 70,2% têm entre 26 e 60 anos, a maioria deles têm menos de 40 anos (35,3%). Se bem estão em níveis muito parecidos, as mulheres são as mais endividadas, pois 50,2% das dívidas registradas são delas.

A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) feita pela CNC com os dados do mês de março, aponta que o primeiro trimestre deste ano tem o maior número de pessoas endividadas dos últimos 12 anos. 77,5% das famílias estavam endividadas em março, 10,3 pontos a mais do que há um ano atrás (67,3% em março de 2021).

Algumas famílias apenas estão atrasadas com suas dívidas (27,8%), mas outras estão sem condições econômicas para poder honrar essas dívidas (10,8%). A maioria dos endividados desta pesquisa afirmam ter 30% da sua renda já comprometida com a quitação destas contas, porém 20,9% tem um comprometimento superior a 50%, maior percentual desde agosto do ano passado.

Assim como no Mapa da inadimplência da Serasa, na pesquisa da CNC a principal dívida é o cartão de crédito, 87% dos entrevistados afirmaram ter contas pendentes no cartão. As demais dívidas, não foram citadas nem por 20% dos endividados.

Em segundo lugar, 18,7% das famílias estão atrasadas com os carnês de lojas e em terceiro, 11,2% das famílias estão pagando tarde as parcelas do seu veículo. Outras dívidas, como os créditos pessoais, empréstimos consignados e o financiamento de imóveis, tem menos de 10% das famílias com dívidas.

Como seguir depois com as dívidas em aberto
Mesmo com os juros cobrados pelas instituições financeiras altos, a tendência é que o endividamento das famílias, independentemente da sua renda, continue crescendo, pois, a inflação também aumenta e consequentemente a necessidade de crédito para equilibrar os gastos com os ingressos.

O orçamento familiar pode ser reajustado e deixar alguma conta em atraso, para o mês seguinte. Não é o que convém, mas se estiver controlado e a família puder honrar o quanto antes essa dívida é um movimento necessário para muitos, considerando a situação econômica atual.

É conveniente não deixar acumular as contas, se for possível recortar gastos, evitar compras no cartão de crédito, pesquisar e comparar preços antes de comprar e procurar aplicações convenientes para o dinheiro poupado.

Mas, se chegar a ficar inadimplente é preciso paciência e cabeça fria para a resolução dos problemas. Pois as negociações com as instituições financeiras, em geral, são desgastantes, tanto pelo tempo que requerem do cliente como pelas dores de cabeça que podem trazer. Além disso, ficam mais difíceis pelos juros altos dos créditos.

A prioridade dos inadimplentes, logo dos gastos básicos, deveria ser a quitação das dívidas. Quanto mais tempo permanecer nessa situação mais difícil é de organizar as finanças, pois o consumidor pode ter suas possibilidades de crédito bastante reduzidas.

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O consumidor baiano continua sofrendo com os preços dos alimentos. Dessa vez, a grande vilã é a cenoura. O produto acumula alta de 50% em Salvador e região metropolitana, segundo o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), medido pelo IBGE. A quebra de safra devido às questões climáticas é o principal motivo para o quilo do produto custar cerca de R$ 8 na capital baiana.

Já há baiano que diga que os coelhos da Páscoa não devem aparecer para as crianças neste mês, o motivo seria a greve por conta da inflação que afeta o seu alimento preferido. Brincadeiras à parte, o custo da cenoura escalou nas últimas duas semanas no estado. A saca com 20 quilos comercializada pela Ceasa subiu de R$100 para R$150 em catorze dias, segundo boletim divulgado pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico da Bahia (SDE).

Para quem compra em pequenas quantidades no varejo, ou seja, o consumidor final, as notícias não são boas: o preço só deve diminuir na próxima safra, em julho. A analista do IBGE, Mariana Viveiros, explica que não só a cenoura, mas os itens de hortifrutis em geral estão com preço acima do normal devido às mudanças climáticas. Importantes regiões produtoras de cenoura no Alto Parnaíba (MG), São Paulo e Irecê (BA) sofreram com fortes chuvas este ano, o que acabou impactando a colheita.

“Esses produtos são muito sensíveis aos efeitos climáticos. É importante lembrar que o aumento dos alimentos nessa prévia de março foi o maior em dois anos e que eles são o grupo de maior peso no índice de inflação”, explica. A variação acumulada dos alimentos em domicílio nos últimos 12 meses é de 15,79% em Salvador e RMS, segundo o IBGE.

Outros produtos que tiveram alta mensal e estão atrapalhando o orçamento das famílias são: batata inglesa (27%), cebola (11%), ovo de galinha (5%) e feijão carioca (5%). Além deles, outros itens que são comercializados por produtores fora do país sofrem alteração por conta da guerra entre Ucrânia e Rússia, como explica o economista Edval Landulfo.

“Os alimentos ligados às commodities internacionais, como o café, o trigo e a soja, têm subido de preço por conta do enfraquecimento da nossa moeda. Fica muito mais vantajoso vender no mercado internacional a vender no mercado interno, devido ao pagamento em dólar”. Segundo Edvaldo, cerca de 40% da produção do trigo é feita nos países envolvidos no conflito. Internamente, uma das consequências é o pão mais caro, a variação mensal chega a 2,72%.

O aumento dos combustíveis também é um dos fatores que contribuem para o mercado ficar mais caro, de acordo com o economista. Como no país o transporte de alimentos é feito majoritariamente por caminhões nas estradas, o preço do diesel tem como reflexo a alta do frete. “Isso impacta principalmente os produtos perecíveis, como frutas e legumes”, diz Edvaldo.

Impactos no dia a dia

Leila Carreiro, chef à frente do tradicional restaurante Dona Mariquita, conta que os alimentos mais caros têm tornado a manutenção do negócio mais difícil. Evitando repassar o aumento de preços aos clientes, com receio de que o movimento diminua, a chef já teve que demitir quatro funcionários nos últimos meses.

Apesar da cenoura não ser item tão essencial no cardápio do restaurante que serve comida baiana, Leila diz que alimentos como tomate, cebola e pimentão tem sido os grandes vilões do estabelecimento. “Os preços estão absurdos, sacas que custavam R$30 agora estamos pagando R$80. Eu não pude repassar nada ainda para os clientes, mas estamos organizando para mudar o cardápio todo para ir até junho pelo menos”, conta.

Com mais de 80 mil seguidores nas redes sociais, a comunicóloga Carla Candece, 28, trabalha com o Instagram desde 2018, quando começou a produzir conteúdo sobre como a alimentação vegana pode ser acessível. Mesmo assim, ela conta que a inflação tem tornado mais difícil a manutenção dos hábitos saudáveis e que para driblar a crise diminuiu a variedade dos alimentos comprados.

Realizar pesquisas de preços também tem sido um caminho para a economia. “O que eu tenho feito é comprado uma parte da minha feira em cada lugar. Aqui tem só cinco supermercados grandes, então eu vou em todos com a minha lista, listo o que é mais barato em cada um deles e aí volto indo em cada um, comprando um pouco de cada coisa”, relata.

Outra dica para pagar mais barato, dessa vez dada pela presidente do movimento das Donas de Casa e Consumidoras da Bahia, Selma Magnavita, é substituir os alimentos que estão mais caros no mercado. Uma boa opção é comprar a abóbora no lugar da cenoura, enquanto os preços não diminuírem, segundo ela. "A substituição dribla a carestia", diz.

Salário mínimo deveria ser cinco vezes maior

Para que uma família de quatro pessoas possa se manter confortavelmente no país em meio ao cenário de alta de preços, o valor do salário mínimo deveria ser R$6.394,76. Ou seja, 5,2 vezes mais do que o mínimo atual, que é de R$1.212. O cálculo foi feito pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Diesee) e tem como base o valor da cesta básica, que custa até R$560 na capital baiana.

A supervisora técnica do escritório do Diesee na Bahia, Ana Georgina Dias, explica que para chegar a esse valor, o estudo leva em consideração o que é previsto na Constituição Federal. “A Constituição diz que o salário mínimo tem que ser suficiente para suprir todas as despesas do trabalhador e da sua família [...] Quem é remunerado com um salário mínimo gasta em torno de 30% com alimentação, então pegamos a cesta mais cara e colocamos como sendo esses 30%, a partir daí chegamos no valor do salário”, acrescenta.

Como o cálculo de qual deveria ser o mínimo é feito todos os meses, é possível ter noção de como o aumento de preços está impactando o cotidiano dos brasileiros. Entre janeiro e março, esse valor sofreu um reajuste de 7% - no primeiro mês do ano era de R$5.997. Nesse meio tempo, o salário mínimo nacional não aumentou.

A alta no preço dos alimentos, para piorar, é sentida mais nas classes menos favorecidas, que acabam demandando maior parte do seu orçamento para fazer as compras dos itens básicos. O economista Edval Landulfo lembra ainda que a inflação brasileira que hoje está em 10,7% no acumulado dos últimos doze meses, é sentida de forma diferente para cada família.

“Quando falamos sobre os índices oficiais, a percepção do governo tem como base os alimentos que compõem a cesta básica. Mas cada família tem um peso maior dependendo do tipo de consumo, por isso a sensação das pessoas de que não é só 10%. Os itens que elas mais consomem tiveram um impacto maior no bolso”, explica.

Box para o impresso:

Para comprar uma cesta básica de 13 itens, o soteropolitano deve trabalhar em média 101 horas mensais (Dieese)

Alimentos que mais subiram de preço: cenoura (50%), batata inglesa (27%), cebola (11%), ovo de galinha (5%) e feijão carioca (5%) (IBGE)

Nacionalmente, a cenoura acumula alta de 121% em 12 meses (IBGE)

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