O Jornal da Cidade

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O primeiro lote da vacina da Pfizer contra Covid-19 para crianças chegou ao Brasil na madrugada desta quinta-feira (13). A remessa, com 1,248 milhão de doses, desembarcou no Aeroporto Internacional de Viracopos, em Campinas (SP).

Na segunda-feira (10), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, informou que a Pfizer vai antecipar a entrega de 600 mil doses. Com isso, o total de vacinas previstas para chegar em janeiro passou de 3,7 milhões para 4,3 milhões. A previsão é de que as doses cheguem aos estados até essa sexta-feira (14).

A distribuição das doses por estado e Distrito Federal, coordenada pelo Ministério da Saúde, seguirá o critério populacional. A prioridade é de crianças com comorbidades e com deficiências permanentes; indígenas e quilombolas; crianças que vivem com pessoas com riscos de evoluir para quadros graves da covid-19; e em seguida crianças sem comorbidades.

O esquema vacinal será com duas doses, com intervalo de oito semanas entre as aplicações. O tempo é superior ao previsto na bula da vacina da Pfizer. Na indicação da marca, as duas doses do imunizante poderiam ser aplicadas com três semanas de diferença. Será preciso que a criança vá vacinar acompanhada dos pais ou responsáveis ou leve uma autorização por escrito.

Vacina em Salvador
Em toda a Bahia, são 1.447.163 crianças nessa faixa etária registradas no Sistema Único de Saúde (SUS), sendo 149.214 delas em Salvador. É possível consultar o nome da criança ou fazer o recadastramento através do portal da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) ou presencialmente, em uma das 155 unidades básicas da rede municipal, de segunda a sexta, a partir das 8h.

No caso das crianças que não têm cartão SUS de Salvador ou estão com cadastro em outra cidade, os pais ou responsáveis devem procurar uma unidade da prefeitura-bairro para conseguir o documento ou fazer a transferência de domicílio. Para esse serviço, é preciso fazer agendamento pelo site do Hora Marcada.

No momento da vacina, além dos originais e cópias dos documentos do adulto e da criança e do cartão de vacina, será necessário apresentar uma declaração de um dos pais autorizando a proteção. A declaração pode ser preenchida e assinada no ato da vacina ou impressa no site da SMS, para quem preferir levar pronta.

Entenda o passo a passo:

Antes de se dirigir ao posto de imunização confira se seu filho está registrado no SUS de Salvador, através do portal da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) ou presencialmente nas unidades.
Caso não esteja registrado ou o registro seja de outra cidade, faça esse cadastro nas prefeituras-bairro. É necessário levar documentação dos pais e da criança, e comprovante de residência.
No dia da vacina não esqueça: máscara, documentos dos pais, da criança, originais e cópias do cartão de vacina e uma declaração de um dos pais autorizando a proteção. A declaração pode ser assinada no ato da vacina ou impressa no site da SMS e preenchida em casa.
A documentação exigida dos pais é a carteira de identidade, CPF, comprovante de residência e Cartão SUS. Para as crianças, é necessário apresentar certidão de nascimento e cartão SUS (se houver).
Depois da imunização contra a covid, a criança deve esperar 15 dias para receber qualquer outro tipo de vacina. A segunda dose será aplicada oito semanas após a primeira.

Todo dia quando Tonico montava a banca de laranjas e começava a anunciar as mercadorias, em frente ao Fórum Ruy Barbosa, em Nazaré, precisava disputar a atenção dos clientes com o grito das crianças que corriam para a escola que funcionava em um casarão na Avenida Joana Angélica. A lembrança foi avivada enquanto o vendedor, hoje com 80 anos, observava os escombros que sobraram e a fumaça que saia do casarão que pegou fogo na noite de terça-feira (11).

Agora, o colorido das paredes foi substituído pelos borrões pretos provocados pelas chamas. As janelas já não existem mais, são buracos que atravessam a fachada que resiste de pé e levam a um grande vão vazio. Onde antes existia teto, restou apenas o céu aberto. As paredes que sobraram apresentam rachaduras e as grades foram retorcidas pelo calor do fogo. A Defesa Civil de Salvador (Codesal) disse que a solução é demolir.

Casarão ficou oco e sem teto (Foto: Joá Souza)
O fogo começou na noite de terça-feira. Três lojas funcionavam na base do casarão. Um estabelecimento de venda de calçados, outro de alimentos naturais e uma empresa de empréstimos consignados. Vizinhos contaram que os dois pavimentos superiores eram usados por moradores de rua e usuários de drogas. Os bombeiros identificaram colchões, móveis de madeira e outros objetos enquanto tentavam combater as chamas.

Era por volta das 22h quando os primeiros vizinhos perceberam a tragédia e avisaram aos bombeiros. Uma moradora do edifício Rosemar, que é separado do casarão apenas por um vão, contou que a fumaça e o clarão provocados pelo fogo deram o alerta. Ela levantou, foi até a janela e ficou assustada com o que viu. Os moradores tiveram que evacuar o prédio às pressas.

“Só tive tempo de pegar minha bolsa e sair. Foi um corre-corre danado. O prédio tem muitos idosos, então, muitos precisaram de ajuda para sair. Ficou todo mundo na calçada esperando os bombeiros chegarem, e depois que eles chegaram assistindo ao trabalho. Eles lutaram bastante com o fogo, mas estava muito alto. Foi horrível”, contou. Ela se queixou do estado de abandono do casarão e pediu para não ser identificada.


Moradores do edifício Rosemar (torre ao lado) saíram às pressas (Foto: Joá Souza)
Bombeiros X chamas
O 1º Grupamento de Bombeiros Militares (GBM) fica a 800 metros do local do incêndio, por isso, foram os primeiros a chegarem. A subcomandante, major Jamile Perrone, disse que a principal dificuldade foi conseguir alcançar o interior do prédio e controlar as chamas, porque havia muito material incendiário dentro do imóvel, como madeira, papelão e plástico. Ela contou que o fogo começou no primeiro pavimento acima do térreo e se alastrou para os outros andares.

“O pessoal dos prédios vizinhos deu apoio e nós conseguimos montar linhas laterais, no fundo e na frente do casarão. Isso fez com que o incêndio fosse controlado mais rápido, mas tivemos focos menores que persistiram e por isso foi preciso continuar o trabalho até o dia seguinte. Não pudemos entrar no prédio porque ele tinha várias ripas de madeira e muitas delas desabaram”, contou.

Apesar de controladas, as chamas deram trabalho para serem debeladas e estavam tão altas que foi possível avistar a tragédia de bairros vizinhos. No fotógrafo Elói Corrêa fez o registro da janela do apartamento dele, no Centro Histórico, a mais de 1 Km do local do incêndio. “Levantei para beber água e quando passei pela janela vi que um prédio estava pegando fogo. Fiz a imagens de celular. O fogo estava muito alto”, contou.


Morador do Centro Histórico ficou impressionado com a altura das chamas (Foto: Elói Corrêa)
O dia amanheceu e os bombeiros continuavam na luta para evitar que as chamas voltassem. No total, foram 12 horas de trabalho, sete viaturas empregadas, incluindo um carro-pipa e uma unidade do Salvar, e cerca de 20 homens trabalhando. Um grupo de curiosos se concentrou na calçada, do outro lado da avenida, para acompanhar os trabalhos. Um dos espectadores era o dono da loja de empréstimos consignados que funcionava no térreo, Bruno Matos.

“É um prejuízo imensurável. Nós tínhamos 13 anos aqui e perdemos tudo, mesas, cadeiras e computadores, com nossa cartela de clientes. Ainda não calculamos o tamanho do prejuízo. A gente tem três funcionários trabalhando nessa unidade e que agora estão desamparados. Começamos o ano com essa tristeza, não dá para acreditar”, afirmou.

Ele também reclamou do estado de abandono do casarão e disse que, no começo do mês, entrou em contato com a advogada que representa o dono do imóvel, mas que o proprietário não deu retorno às queixas. A causa do incêndio está sendo investigada.

O engenheiro da Defesa Civil de Salvador responsável pela ocorrência, Expedito Sacramento, contou que a estrutura foi muito atingida e que a solução é a demolição parcial do casarão. “Estamos monitorando as paredes e nossa proposta é fazer a redução do segundo pavimento. Caso o risco persista a gente parte para reduzir também a parte de baixo, porque existe risco de desabamento”, afirmou.

Seu Tonico, como quis se identificar o vendedor de laranjas do início dessa reportagem, lastimou a decisão, mas disse que concorda. “Esse era um prédio tão bonito e tão alegre. Hoje, não lembra nem de longe aquele tempo. Há mais de 30 anos ele está fechado. Sei que é melhor demolir para não acontecer um acidente, mas é o fim triste de uma história”, lamentou.

Moradia
Antes de servir como escola o casarão que pegou fogo foi residência de um dos principais estudiosos da Bahia, Braz do Amaral (1861–1949). Uma rua, no Bonfim, e uma escola, no Garcia, levam o nome dele. O historiador e especialista em história do patrimônio Manoel Passos contou que usou parte do material produzido pelo colega na elaboração da dissertação de mestrado dele e disse que a destruição do casarão é uma perda para a história da Bahia e do Brasil.

“Aquela era a residência de uma das personalidades históricas mais importantes da Bahia. O historiador Braz do Amaral é autor de pesquisas sobre a guerra da independência do Brasil na Bahia, trabalhos primorosos e que todo mundo deveria ler. É muito triste que um patrimônio material, e também imaterial por ter abrigado uma personalidade tão importante, tenha se perdido por falta de cuidado”, afirmou.

Passos contou que após a morte de Amaral foi cogitado transformar o espaço em uma biblioteca pública, através da doação de acervos pessoais para compor as estantes, mas a proposta não avançou. “Não é apenas um casarão, é uma história que está sendo perdida. A gente precisa dar um basta e exigir a restauração e preservação da nossa história. Hoje foi esse casarão. Amanhã será outro”, disse.

O pesquisador destacou que o prédio tinha estilo eclético e foi construído entre o final do século XIX e início do século XX. O historiador e professor do Instituto Dom de Educar (Rede UniFTC), Victor Porto, contou que os casarões tinham funções específicas.

“Foram construídos para servirem basicamente como moradia, tanto os de Nazaré como os dos bairros vizinhos do Centro Histórico. A maioria tem dois ou três pavimentos e foram pensados para serem residências. No caso de Nazaré, com o tempo houve um processo de modernização e novos prédios foram surgindo, mas ainda restaram alguns casarões”, disse.

Ele também cobrou maior empenho do poder público. “É importante que cada prédio desse esteja protegido pelos órgãos que são responsáveis por exigir a preservação da história e do patrimônio público”, afirmou.

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Ipac) informaram que o casarão que pegou fogo não faz parte do conjunto tombado do Centro Histórico de Salvador e nem é tombado individualmente pelos órgãos.

O CORREIO não conseguiu contato com o proprietário do casarão.

A terça-feira é o dia da semana com menos histórico de homicídios, revelam dados da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) compilados entre 2011 e 2021. O período mais violento costuma ocorrer no sábado e domingo. Mas, contrariando as estatísticas, a última terça-feira (11) foi de terror em Salvador e na Região Metropolitana (RMS). Foram 11 assassinatos em nove localidades diferentes e o maior número registrado em 2022. A média dos dias anteriores, a partir de 1º de janeiro, era de 3,3 mortes violentas por dia.

O salto ainda não tem uma explicação. As investigações estão em andamento e, até o momento, a polícia não identificou relação entre as mortes, com exceção de dois duplos homicídios. O primeiro foi de um casal de adolescentes e aconteceu em Lauro de Freitas. Duas horas depois, em Dias D’ávila, dois ciganos foram assassinados e, no caso deles, os crimes não pararam por aí.

Em um intervalo de 12 horas, a família de ciganos foi praticamente exterminada na Região Metropolitana de Salvador (RMS). Foram quatro mortos no total: um homem, sua mulher, seu irmão e um sobrinho. Os crimes são investigados pela Polícia Civil, que apura se os casos estão relacionados.

As primeiras mortes aconteceram na cidade de Dias d'Ávila por volta das 19h30 da terça-feira (11). O casal Orlando Alves, 59 anos, e Luciene Alves de Oliveira, 56, estava dentro de casa, na Rua dos Jardins, no bairro de Petrópolis, quando foi baleado por um homem em uma moto. Segundo alguns ciganos vizinhos das vítimas, na hora, o neto do casal, um rapaz de 14 anos, correu para o banheiro, onde permaneceu escondido. Eles relataram que o criminoso parou a moto em frente à residência das vítimas. "Ele chamou o velho pelo nome. Quando abriu a porta, ele recebeu os primeiros disparos. A mulher estava um pouco distante de Orlando e foi baleada logo em seguida", contou a testemunha.

Ainda segundo os vizinhos, os corpos foram encontrados com várias perfurações na cabeça e no tórax. "O que fizeram com eles foi uma tamanha crueldade. Orlando e a mulher foram os primeiros ciganos a chegarem aqui no bairro. Todo mundo gostava dos dois. Era um casal pacato, que não mexia com ninguém", declarou um vizinho. Orlando trabalhava com a venda de terrenos na localidade.

Já o irmão e sobrinho de Orlando, Alcides, 76 anos, e Nilson Alves, 44, sofreram a violência em Camaçari, por volta das 7h30 de ontem, não entrando na estatística dos 11 mortos da terça. Eles estavam na Rua Serra Verde quando foram baleados. Os dois morreram no local. Um segundo sobrinho de Orlando, chamado Joel, 45 anos, também foi atingido e está internado no Hospital Geral de Camaçari. Não há informações sobre o seu estado de saúde. Os três irmãos estavam dentro de um Palio vermelho e foram atingidos em frente à igreja Assembleia de Deus Peniel - ao lado da casa onde moravam.

A história de terror não para por aí. Há cerca de 40 dias, um outro filho de Orlando foi assassinado numa emboscada na localidade de Cascavel, em Dias d'Ávila.

"Do nada, chegam, matam e ninguém sabe o porque", disse um cigano amigo da família, que preferiu não revelar o nome. No entanto, informações preliminares da polícia dão conta de que as mortes teriam sido encomendadas por outro cigano, que responsabiliza a família de Orlando pela morte de seu neto.

Dois adolescentes mortos em Lauro de Freitas

O outro duplo homicídio da terça (11) aconteceu na Rua Direta do Capelão, em Areia Branca, Lauro de Freitas. Cauane Lima dos Santos, 15 anos, e Josafá dos Santos Menezes, 17, foram vítimas de tiros às 17h22. Segundo a Polícia Civil, Cauane chegou a ser socorrida para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Itinga e Josafá, para o Hospital Geral Menandro de Faria, mas ambos não resistiram.

A Polícia Civil informou que o caso está sendo investigado pela 27ª Delegacia Territorial (DT/Itinga). A unidade policial já iniciou as investigações a fim de chegar à autoria, motivação e dinâmica do crime e já ouviu, de maneira preliminar, um familiar de cada uma das vítimas. Foram expedidas as guias para o trabalho do Departamento de Polícia Técnica (DPT).

Ainda na terça, na Caixa d’Água, às 9h46, o corpo de Lucas Guerra Santos Conceição, 18 anos, foi encontrado pela mãe, dentro de casa. O rosto da vítima apresentava sangramento. Autoria e motivação estão sendo investigadas. Foram expedidas guias de perícia e remoção.

Em Águas Claras, às 11h08, Davi Cauan Souza de Santana, 17, foi baleado por homens em um veículo. Ele foi socorrido para o Hospital Eládio Lasserre, mas não resistiu. Equipes da Polícia Civil estiveram no local, não há detalhes sobre autoria e motivação do ataque.

Em Pojuca, às 20h23, um latrocínio vitimou Anderson Bruno de Jesus Santos, 21 anos. Ele estava transportando frutas em um caminhão e parou para verificar o estado do veículo, quando dois homens encapuzados anunciaram o assalto e efetuaram disparos. A DT de Pojuca está responsável pela investigação e guias periciais foram expedidas.

No bairro de Valéria, às 21h07, um homem sem identificação foi atingido por disparos. A Equipe Silc/DHPP foi acionada. Autoria e motivação são investigadas. Em Pirajá, às 21h50, um homem também sem identificação foi encontrado com marcas de tiros. O crime estpa com a 3ª DH/BTS.

Em Monte Gordo, às 23h53, um homem sem identificação foi encontrado com marcas de disparos de arma de fogo. A autoria e motivação do crime ainda estão sendo apuradas.

Janeiro vermelho

A soma de assassinatos nos primeiros 11 dias de janeiro é 46 (veja lista no final da reportagem). O número é 28% menor que o registrado nos primeiros 11 dias de 2021, quando ocorreram 64 homicídios. Em relação a janeiro deste ano, a partir das informações dos boletins da SSP, é possível traçar um perfil parcial das vítimas. Das 46 pessoas, 41 são homens, o que representa 89%. Apenas 5 são mulheres (11%). Em relação à idade, somente 24 vítimas tinham essa informação no boletim. Desse total, 13 (54%) são jovens de até 30 anos e 5 são menores de 20.

De acordo com um levantamento do CORREIO a partir de dados da SSP, 20.137 pessoas morreram de forma violenta entre janeiro de 2011 e junho de 2021. Esse número é maior do que a população inteira da cidade de Pindobaçu, no Sertão, por exemplo, e pouco menor do que a população de outras cidades como Abaré, Baixa Grande, Barra da Estiva, Maracás e Maraú, todas com população menor que 21 mil pessoas.

De 2011 a 2021, quem mais morreu vítima de violência em Salvador e na RMS foram homens de 17 a 26 anos. A faixa de idade com o maior número de vítimas foi a de 19 anos. Quatro bairros da periferia de Salvador se destacam na lista de mortes em 2021: São Marcos, onde 87,3% da população se autodeclara preta ou parda, São Caetano, Valéria e Fazenda Grande do Retiro.

Os boletins com os crimes deste ano não informam a cor da pele das vítimas, mas especialistas apontam que a maior parte das pessoas que têm mortes violentas são jovens, negros e moradores da periferia, inclusive aqueles mortos por intervenção policial, que não aparecem nos boletins e, portanto, não integram a lista das vidas já perdidas este ano.

"Infelizmente, é esse o perfil de pessoas que mais morrem vítimas de violência: homens jovens negros. É o que chamamos de genocídio da juventude negra. São homicídios praticados por terceiros ou mortes praticadas pelo Estado. O que nos preocupa, sobretudo, é como essas mortes são vistas pela sociedade como descartáveis. Elas são muitas e não causam grandes abalos na sociedade, são relativizadas e ignoradas. Por isso, a segurança pública precisa ser pensada numa lógica de prevenção à violência e manutenção da vida das pessoas, uma política de paz", ressalta Luciene Santana, pesquisadora da Rede de Observatórios da Segurança na Bahia e da Iniciativa Negra por uma Nova Política sobre Drogas.

O que diz a SSP

Em nota, a SSP disse que o registro de 11 mortes violentas na terça (11) “é considerado atípico, visto que os primeiros dias do ano apresentaram reduções significativas em relação ao mesmo período do ano anterior”. A Secretaria também destacou que os esforços continuam para reduzir ainda mais esses índices e que todos os casos já são acompanhados pela Polícia Civil para identificação e apresentação dos autores à Justiça.

A nota ainda informa que a SSP está trabalhando para conter as trocas de tiros recorrentes em alguns bairros de Salvador nos últimos tempos e que já possui a identificação dos grupos responsáveis por essas ações. “Foi constatado o acirramento pela disputa dos pontos de vendas de drogas após a saída temporária de mais de 400 detentos do sistema prisional no período do final do ano”, diz o órgão.

Já a Polícia Militar disse que o policiamento ostensivo é realizado rotineiramente por guarnições embarcadas em viaturas e motos ou mediante acionamento pela comunidade. “Cada bairro é patrulhado pela respectiva unidade de área, com o apoio de guarnições táticas e especializadas, que reforçam as ações operacionais. Além disso, a Polícia Militar realiza operações especiais programadas com o foco em apreensões de armas e drogas, além da diminuição do tempo-resposta no atendimento dos chamados. É imprescindível, para tanto, que a comunidade acione guarnições da PM em face da suspeita de crimes em andamento”, diz a nota.

A corporação orienta que o cidadão desconfie de um delito em andamento ou de alguém em atitude suspeita que entre em contato pelo 190 ou pelo 181 (disque-denúncia).

Desigualdade acirra a violência

Para o especialista em gestão pública e professor titular do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) Sandro Cabral, que também é professor licenciado da Universidade Federal da Bahia (Ufba), a violência observada nas ruas está associada às desigualdades.

“A gente pode associar esse cenário de violência, dentre outros fatores, à crise econômica, ou seja, amplificação da pobreza e desesperança. Sem emprego e sem ocupação, num cenário de extrema desigualdade em que vivemos, acabamos tendo todos os ingredientes para a emersão da violência como forma de resolução de conflitos e imposição de poder”, afirma.

“É na segurança pública que acabam todas as mazelas sociais, desigualdades econômicas e até o individualismo da sociedade. Tudo isso acaba sendo refletido em violência”, resume.

O professor acrescenta que um dos fatores ligados às mortes violentas é o tráfico de drogas associado ao crime organizado. “Há um cenário de crime organizado Brasil afora, o tráfico de drogas é uma atividade extremamente lucrativa. Na Bahia, a gente vem acompanhando a emersão do poder dos traficantes nos últimos anos. Com isso, vem a disputa por território, conflitos, etc., como grandes motores de violência”, diz.

O especialista em gestão pública traz alguns pontos do que seria um caminho para a diminuição da violência: “Não adianta querer aumentar recursos materiais e humanos se não utilizamos bem os que já temos. No caso de policiais, por exemplo, podemos melhorar as escalas e rever o efetivo que está em desvio de função, temos muitos policiais exercendo funções administrativas, por exemplo. Outra coisa importante é a integração forte entre as forças policiais, como Polícia Civil e Polícia Militar, com compartilhamento de informações e ações coordenadas. Também é preciso trabalhar o princípio de transparência e qualificação porque os policiais não são acima da lei, é necessário rigor na apuração de desvios e combate ao corporativismo”, enumera.

Quem são os 46 mortos em Salvador e RMS até o dia 11:

1/01 – 3 MORTES (Além de 2 tentativas de homicídio)
MARCOS NEVES DAS DORES - 21 anos - SÃO SEBASTIÃO DO PASSÉ
A. J. dos S. L. (masculino) - 17 anos - VERA CRUZ
VALÉRIA MARIA CARDOSO DOS SANTOS TELES - 36 anos - ALTO DE COUTOS

2/01 – 4 MORTES
ROBERT FRANCISCO CARLOS REIS - 22 anos - ARENOSO
IAGO SILVA DOS SANTOS - 22 anos - ARENOSO
JAILSON DA ENCARNAÇÃO MORAIS - 43 anos - CAMAÇARI
HOMEM DE IDENTIDADE IGNORADA - ALTO DO CABRITO

3/01 – 2 MORTES
HOMEM DE IDENTIDADE IGNORADA - NOVA BRASÍLIA
DANILO PARANHOS BONFIM SANTOS - 36 anos - PALESTINA

4/01 – 2 MORTES (Além de 2 tentativas de homicídio)
HOMEM DE IDENTIDADE IGNORADA - JARDIM CRUZEIRO
ELIEZER CONCEIÇÃO COSTA - 58 anos - SUSSUARANA

5/01 – 5 MORTES
HOMEM DE IDENTIDADE IGNORADA - CALÇADA
HOMEM DE IDENTIDADE IGNORADA - LOBATO
MARCOS VINICIUS SANTOS PINHEIRO - 30 anos - NOVO MAROTINHO
LUÍS CLÁUDIO AMORIN LIMA - 51 anos - FAZENDA COUTOS 3
MULHER DE IDENTIDADE IGNORADA - VALÉRIA

6/01 – 2 MORTES (Além de 1 tentativa de homicídio)
HOMEM DE IDENTIDADE IGNORADA - ÁGUAS CLARAS
HOMEM DE IDENTIDADE IGNORADA - CASSANGE

7/01 – 5 MORTES
HOMEM DE IDENTIDADE IGNORADA - LIBERDADE
HOMEM DE IDENTIDADE IGNORADA - DIAS D’ÁVILA
HOMEM DE IDENTIDADE IGNORADA - DIAS D’ÁVILA
HOMEM DE IDENTIDADE IGNORADA - PIRAJÁ
HOMEM DE IDENTIDADE IGNORADA - ALTO DA TEREZINHA

8/01 – 3 MORTES
UIDISLEI OLIVEIRA SANTANA - 28 anos - CANDEIAS
EMERSON FERREIRA SANTOS - 34 anos - CAMAÇARI
VANILSON MENEZES DOS SANTOS - 32 ANOS - BAIXA DE QUINTAS

9/01 – 5 MORTES (Além de 1 tentativa de homicídio)
JACIANE SANTOS DE JESUS - 30 anos - VERA CRUZ
HOMEM DE IDENTIDADE IGNORADA - SIMÕES FILHO
JANILSON SANTOS SILVA - 28 anos - SALINAS DA MARGARIDA
HOMEM DE IDENTIDADE IGNORADA - ITAPUÃ
HOMEM DE IDENTIDADE IGNORADA - SÃO CRISTÓVÃO

10/01 – 4 MORTES
HOMEM DE IDENTIDADE IGNORADA - ÁGUAS CLARAS
HOMEM DE IDENTIDADE IGNORADA - CAMAÇARI
HOMEM DE IDENTIDADE IGNORADA - IAPI
ALESSANDRO DE MEDEIROS - 35 anos - PELOURINHO

11/01 – 11 MORTES
HOMEM DE IDENTIDADE IGNORADA - MONTE GORDO
HOMEM DE IDENTIDADE IGNORADA - PIRAJÁ
HOMEM DE IDENTIDADE IGNORADA - VALÉRIA
DAVI CAUAN SOUZA DE SANTANA - 17 anos - ÁGUAS CLARAS
LUCAS GUERRA SANTOS CONCEIÇÃO - 18 anos - CAIXA D’ÁGUA
ANDERSON BRUNO DE JESUS SANTOS - 21 anos - POJUCA
ORLANDO ALVES - 59 anos - DIAS D’ÁVILA
LUCIENE ALVES DE OLIVEIRA - 56 anos - DIAS D’ÁVILA
CAUANE LIMA DOS SANTOS - 15 anos - LAURO DE FREITAS
JOSAFÁ DOS SANTOS MENEZES - 17 anos - LAURO DE FREITAS
OSEAS SANTOS DE SOUZA - 45 anos - CAMAÇARI

*Fonte: Boletins da SSP-BA

O Castelo Garcia D’Ávila será o cenário da segunda edição da segunda edição do festival Jazz no Castelo, que começa nesta quarta (12) e segue até dia 4/02. Com programação de quarta a sexta, das 17h às 22h, o evento recebe 12 atrações, entre baianos, que vão se revezar em um palco montado ao lado das ruínas do castelo.

Com coordenação geral de Geisy Fiedra, presidente do Conselho Curador da Fundação Garcia d’Ávila, o festival vai oferecer uma mistura de estilos musicais como jazz, blues e soul, além dos ritmos populares que fazem parte da identidade cultural do baiano. “Estamos muito felizes e otimistas com a realização desse festival, que nos ajuda a consolidar a nossa fundação e o castelo como um centro cultural”, relata, entusiasmada, Fiedra.

A curadoria do festival é assinada pelo músico Ivan Huol e pela produtora Cacilda Póvoas. “Construímos a curadoria com um pouco de jazz, blues, soul, funk, um clima mais de música negra e do jazz cantado, e com a música brasileira dialogando com o estilo do jazz, que é universal”, afirma Póvoas.

Quem abre o evento, hoje, é o grupo Rumpilezzinho, projeto social criado pelo maestro Letieres Leite - que será homenageado no evento. Amanhã, a atração é o grupo baiano Pradarrum, capitaneado pelo percussionista Gabi Guedes e que funde ritmos das nações Ketu, Gêge e Angola, como ilú, ijexá, alujá e kabila, com o jazz. Na sexta, tem a banda Geleia Solar, banda nbase da Jam no MAM, composta por vários músicos de peso, entre eles o baterista Ivan Huol.

Sempre com três shows por semana, o festival começa com a apresentação de um DJ, seguido por exibições de vídeo mappings nas ruínas do castelo e, por fim, os shows. Uma área gourmet com comidas e bebidas da região também foi montada no local. O uso de máscara e o cartão de vacinação serão obrigatórios para quem for ao evento.

FICHA

Evento: Jazz no castelo

Onde: Castelo Garcia D´Ávila (Praia do Forte).

Quando: De 12 a dia 04/02, das 17h às 22h.

Ingressos: R$ 50 | R$ 25. Vendas no Sympla.


PROGRAMAÇÃO

Rumpilezzinho (12)

Pradarrum (13)

Geleia Solar e convidado (14)

Eric Assmar e Kika d’Matta (19)

Sonora Amaralina (20)

Geleia Solar e Carol Panesi (21)

Mestrinho (26)

Ana Karina (27)

Geleia solar e Josiel Konrad (28)

Ellen Oléria (2/2)

Adelmo Casé (3/2)

Angela Velloso (4/2)

 

O ex-prefeito de Salvador e pré-candidato ao governo da Bahia ACM Neto (Democratas/União Brasil) testou positivo para a covid-19. Em um vídeo, o político conta que está com sintomas leves e alerta sobre a importância de fazer teste de detecção da doença.

"A verdade é que tem muita, muita gente contaminada e todos precisam ficar atentos e testar logo nos primeiros sintomas", disse em vídeo.

Vacinado, Neto ressalta a importância do imunizante. "Graças a Deus essa variante do coronavírus parece ser menos agressiva e tá claro, bem claro, que quem está vacinado tem muito menos chance de agravar". Ele alerta que ômicron vem para alertar que a pandemia não acabou e que é preciso manter os cuidados.

Neto está isolado em casa e vai cumprir sua agenda de compromissos de forma remota nos próximos dias.

O resultado do DNA e o depoimento do suspeito, com detalhes sobre o crime que batem com o que está no inquérito policial, embasam a crença da Polícia Civil de Pernambuco que Marcelo da Silva é mesmo responsável pela morte da menina Beatriz, em Petrolina, há mais de 6 anos. A motivação do crime foi porque Beatriz teria se assustado quando foi abordada pelo criminoso, que agiu para calá-la. Marcelo está preso na cidade de Salgueiro por outro crime, estupro de vulnerável, e foi identificado através de exames feitos na faca usada no crime. Ele confessou que matou Beatriz, explicou o secretário de Defesa Social de Pernambuco, Humberto Freire.

"Ao haver contato do assassino com a vítima, a vítima teria se desesperado. E por isso foi silenciada a golpes de faca. Essa é a motivação alegada e se coaduna com a dinâmica minuto a minuto, segundo a segundo, que foi feita no trabalho investigativo, técnico-científico. Reafirmo, 100% das imagens foram recuperadas. Não há o que macular essa investigação e esse trabalho técnico-científico", disse o secretário. "Trabalho foi sério, comprometido, e chegou a uma prova técnico-científica".

Marcelo disse em depoimento que conseguiu entrar na escola após um momento inicial de dificuldade - o local recebia um evento com mais de 2 mil pessoas. "Ele menciona que transitou no local, teve contato com algumas pessoas. E quando teve contato com a vítima, após um breve contato, conversa, ela teria se assustado, se exasperado, e então a motivação foi silenciar ela, porque ele ficou preocupado que houvesse um revés contra ele", acrescenta. O suspeito não detalhou o que conversou com a menina.

Não há indícios de que Beatriz tenha sido vítima de qualquer violência sexual. A faca usada foi levada por Marcelo. "Ele já tinha a faca, circulou durante algum tempo, e as imagens corroboram, não tenho aqui detalhe da quantidade de minutos. A dinâmica foi estudada de segundo a segundo. Do momento que ele está lá fora, vultos, imagens não de muita qualidade, mas que podem trazer à investigação essa dinâmica", explica o investigador. "Ele entrou no local porque tinha muitas pessoas e queria conseguir algum dinheiro para sair da cidade".

Segundo a Polícia Civil, a força-tarefa vai continuar para concluir a investigação, compilando tudo que é necessário para finalizar o caso. "O acusado está preso por outro crime de estupro de uma menor de idade", acrescentou o secretário, explicando que Marcelo não era de Petrolina e estava de passagem.

A investigação não tem indicativo de outros criminosos envolvidos, e na confissão Marcelo diz que agiu sozinho. "A escolha da vítima, segundo a investigação e confissão, foi ao acaso. Ele estava transitando. E em razão desse desespero momentâneo dela (a matou)", reafirma.

O secretário ainda esclareceu que Beatriz foi morta com 10 facadas, e não 42. Segundo ele, foram 42 fotografias de lesões, mas uma mesma facada causou várias lesões.

A coletiva aconteceu na Secretaria de Defesa Social de Pernambuco, no Recife, na manhã desta quarta-feira (12), um dia depois da polícia anunciar que havia identificado o suspeito pelo crime, que chocou o país.

Reconhecimento por DNA
O DNA foi coletado do cabo da arma, deixada no local do crime, pelos peritos. A faca foi entregue ao Instituto de Genética Forense, no Recife, um dia depois do assassinato. A partir da análise do material recolhido, foi possível comparar com o perfil de suspeitos. O DNA de Marcelo já fazia parte do Banco Estadual de Perfis Genéticos.

Ao todo, o material genético recolhido foi comparado com o de 125 pessoas consideradas suspeitas. Essas amostras foram coletadas pelos peritos desde 2015. "De lá para cá, o trabalho técnico-científico foi preciso de melhoria da qualidade da amostra", disse ele, classificando o trabalho como um "refino" para permitir que a amostra pudesse ser inserida no banco para comparações.

O perfil de Marcelo está no banco genético desde 2019. A partir de um primeiro indicativo positivo na comparação, várias outras análises são necessárias para confirmar a identificação. O Instituto de Genética Forense fez nova coleta do material genético do suspeito, na semana passada, para novos testes. Quatro peritos geneticistas assinam o laudo que aponta que o material recolhido na faca é mesmo de Marcelo.

O ano letivo ainda não começou, mas já tem muito pai e mãe preparando o bolso para a lista de material escolar. E este ano o preço está mais salgado, especialmente para artigos de papelaria. Esses itens tiveram um aumento de pouco mais de 18% em Salvador e Região Metropolitana nos últimos 12 meses, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os dados são de dezembro de 2021 e foram divulgados nesta terça-feira (11), pelo Instituto.

Esse crescimento de 18% nos itens de papelaria é quase 40,2% mais alto que o índice geral da inflação, que fechou em 10,78%, em Salvador. Ou seja, eles aumentaram mais do que a média geral de produtos. Os preços nas papelarias soteropolitanas também aumentaram acima da média do Brasil, que teve alta de 8,74%. Em segundo lugar no ranking, estão os cadernos: eles encareceram 3,05% desde o último ano letivo. Já os livros didáticos tiveram aumento menor, de 0,91%.

De acordo com o superintendente do Sindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Estado da Bahia (Sinepe-BA), a variação de preço dos materiais entre as lojas pode ser até quatro vezes maior. "Não dá para dizer que é mais barato neste ou naquele lugar. Na livraria, na papelaria, ou pela internet, a ordem é pesquisar tudo", aconselha o superintendente do Sinepe-BA, Jaime Davi Cardoso. "Temos relatos de diferença de preço superiores a 400% para um mesmo produto", alerta.

A dica do sindicato para economizar é reaproveitar o que foi usado nos outros anos, como canetas, mochilas, lápis e borrachas. “É bom comprar só o material do primeiro semestre, para diminuir os custos, além de comprar em conjunto com outros pais, fazendo pesquisa em atacadões, para negociar preços”, orienta o diretor do Sinepe, Jorge Tadeu Coelho.

Itens mais caros
As mães Brenda Santana e Jaqueline Flores, amigas e que têm uma criança cada, de dois anos de idade, foram, nesta segunda-feira (10), à Joana Angélica, na Avenida Sete, em busca dos materiais. É a primeira vez que elas têm essa experiência e já acham os preços salgados.

“Em uma outra loja, achei mochilas de R$ 100, agora, elas já estão por R$ 180. Tem muita relação com o período, pois já virou o ano e a volta às aulas está mais perto", conta Jaqueline. Para pagar menos, elas pesquisam mais antes de comprar. “Estamos pesquisando o máximo possível para conseguir economizar. Não queremos comprar algo ruim, mas materiais bons, com preços razoáveis, que caibam no nosso bolso também”, explica Brenda.

Daiane Oliveira, 35, foi em busca dos livros, lápis de cor, hidrocor e outros itens de papelaria para a filha, que está na alfabetização. Ela diz ter conseguido balancear o orçamento, por ter antecipado a compra de alguns produtos. "Quando vi os preços, antecedi a compra, com medo de pagar ainda mais caro. O jeito para economizar é esperar as promoções ou então comprar o kit de materiais oferecido pela própria escola. Onde a minha filha estuda, ele custa R$150,00, o que acaba saindo um pouco mais barato", diz Daiane.

Já Ithalanny Diniz, que se mudou de Recife para Salvador com os dois filhos, Yasmim e Ryan, no ano passado, não precisou comprar tanta coisa pois trouxe os materiais das crianças na mala. "Os preços estão absurdos. Só compramos os livros, que, para nós, já estava mais caro. Salvador é uma cidade bem mais cara que Recife em vários aspectos, inclusive no valor dos materiais”, conta Ithalanny.

A dica que ela dá é pechinchar o preço dos produtos no caixa. “Vi um caderno com uma manchinha na última página e já fui pedir um desconto”, indica a mãe. Ela também faz estoque dos itens mais usados pelas crianças ao longo do ano. "Lápis, caderno, cola e mochila estão sendo os materiais mais caros. Antes de vir pra cá, não gastava nem R$600 de papelaria, agora, só R$1.650 é de livros. Mas tenho meus truques, sempre tenho alguns materiais que vou comprando e estocando, tipo caneta, borracha e lápis, que eles vão perdendo ao longo do ano", completa Ithalanny.

Itens pela internet saem mais em conta
Ao contrário do que pensa Daiane, a doutoranda da Universidade Federal da Bahia (Ufba) Andreia Macêdo**, 31, preferiu não comprar o kit de material escolar vendido na escola, porque achou mais caro. Ela dividiu as compras na Avenida Sete, Lapa e na Shoppe e fez uma economia de quase 50%. É o primeiro ano que o filho vai à escola – uma particular, em Brotas - e ele tem três anos.

“Cheguei a ver numa loja, um kit com mochila, lancheira e estojo, de R$ 200 e, o mesmo kit, de R$150, na Shopee, com frete grátis. O preço mais divergente, foi uma sacola transparente de 30x40, que a escola pediu. Nas lojas, o mais barato que achei foi R$ 15. Comprei na Shopee por R$ 2 e pouco. Parece pouco, mas, pagando menos em todos os itens, a economia foi grande”, detalha a mãe.

O item mais caro que ela comprou foi o kit mochila e lancheira, por R$ 280. “Paguei porque meu filho pediu um tema específico, Pocoyo, e queria dar para incentivar na escola", explica Andreia. Já os livros paradidáticos ela comprou na Amazon, mais barato que pelo representante que a escola indicou. “Acho que o que fez diferença pra mim foi a Shopee, porque já tinha olhado tudo antes, para poder comparar os preços, e já conhecer as lojas, na rua, para saber onde encontrar”, conclui.

Queda de 65% nas vendas
Apesar de ser comum o aumento das vendas durante o começo do ano, ao circular pelas papelarias da Joana Angélica, na Avenida Sete, é fácil perceber que muitas dessas lojas estão vazias. De acordo com vendedores de lojas ouvidas pelo CORREIO, as vendas caíram até 65% este ano, comparado aos anos anteriores.

"Esse ano, as vendas estão mais fracas que nos outros. Por conta da pandemia, muita gente fica com medo de vir comprar, de levar o produto e não ter aula. Quem está em casa não compra mochila", explica a vendedora Judite Machado. Ela ainda afirma que os itens mais vendidos são os mais básicos - caderno, lápis, borracha e caneta.

Já a vendedora Marlucia Teixeira acredita que a queda no movimento seja fruto da nova política de venda de kits de materiais escolares nas escolas de Salvador. "Elas estão tomando os clientes da gente, fazendo parceria com livrarias e vendendo kits de materiais de papelaria, aí não fica justo. As vendas estão 65% mais baixas”, completa Marlucia.

Já em outra loja da Joana Angélica, o administrador Davi Martins conta que não só os itens de papelaria estão em baixa, mas também os livros. "Infelizmente, as escolas estão vendendo materiais, os livros saem sem nota fiscal e isso acaba tirando uma grande fatia das livrarias. Deixamos de vender muitos livros por causa disso, as editoras estão fazendo parceria com as escolas para vender só lá", esclarece Davi.

Sobre essa prática de as escolas venderem kits de material escolar, o vice-presidente do Sinepe Bahia, o professor e advogado Nelson Souza, informa que "a escola é uma prestadora de serviços, portando, não pode vender material ou fardamento escolar a não ser que tenha constituído uma Pessoa Jurídica para isso”. As escolas tampouco podem exigir que a aquisição do material seja feita no próprio estabelecimento. A única indicação de lojas permitida é para os uniformes.

Procon orienta para itens proibidos na lista
Alguns itens são proibidos de estarem na lista de material escolar das escolas. O diretor de fiscalização da Superintendência de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon-BA), Iratan Vilas Boas, alerta que os produtos de uso coletivo, de limpeza e os de uso administrativo da escola não podem estar na lista.

Essa proibição está expressa na Lei Estadual nº 6586/1994. Segundo o texto, estão vetados da lista: papel-ofício, papel higiênico, fita adesiva, cartolina, estêncil e tinta para mimeógrafo, verniz corretor, álcool, algodão, artigos de limpeza e higiene, dentre outros.

Vilas Boas ainda diz que as instituições devem apresentar o plano de execução didático pedagógico, detalhando como será a utilização dos materiais exigidos. “As escolas estão obrigadas a apresentar ao consumidor, previamente, um plano didático pedagógico. Isso facilitará, para o consumidor, conhecer a destinação do produto e identificar, se há ou não, uma solicitação inadequada”, explica o diretor de fiscalização.

O Procon-BA ainda alerta que as instituições não podem especificar marcas, determinar locais específicos para compra, ou ainda determinar, ou forçar, compra de livros e cadernos nas próprias escolas. Em caso de suspeita de cobrança indevida, os consumidores podem denunciar através do aplicativo Procon BA Mobile, para que o órgão busque providências cabíveis.

Como economizar?
O educador financeiro e professor da UniRuy Ângelo Guerreiro dá conselhos para os familiares economizarem na compra de material escolar. “Janeiro junta uma série de despesas não recorrentes que demanda um desembolso muito concentrado, como IPTU, IPVA, matrícula e material escolar. A alternativa é montar grupos de desapego, com pais na mesma escola, do ano anterior, que podem estar vendendo fardas e livros usados”, orienta Guerreiro.

Uma segunda opção é comprar em conjunto com esse grupo de responsáveis em papelarias e livrarias. "Negociar de forma coletiva normalmente tem um desconto. Se alguma dessas pessoas tiver um CNPJ, melhor ainda. Porque alguns desses negócios vendem pra pessoa jurídica e têm incentivos fiscais que permitem gerar um preço ainda menor. Uma coisa é comprar sozinho, outra coisa é ir com mais dez pessoas ao meu lado, tem um poder de barganha melhor”, esclarece o professor.

Ele também pontua que não se deve deixar para comprar os materiais de última hora. Sobre os itens de papelaria estarem mais caros que o próprio índice geral do IPCA, Ângelo Guerreiro diz que é por conta desses produtos serem derivados do petróleo, commodity que tem aumentado de preço durante a pandemia. “O papel vem da celulose, que é commodity. A madeira e demais itens que têm plásticos e tintas, tudo isso é derivado de produtos químicos que, no final, derivam do petróleo, que é commodity. Então com certeza esses itens subiram mais do que do que o IPCA”, conclui.

Ranking de vendas
Quem vai às compras, tem buscado, principalmente, os materiais básicos. Segundo a Le Biscuit, os cadernos de uma matéria, os cadernos universitários de dez matérias e os kits de mochilas infantis, com lancheira e estojo, lideram as vendas na rede. Eles têm exemplares de uma matéria a partir de R$ 5,99 e com dez matérias a partir de R$ 9,99. Aqueles que vem com os personagens do momento, como o Homem Aranha e o Patrulha Canina, estão entre os mais vendidos.

Ainda segundo informações fornecidas pela loja, as pessoas pesquisam mais antes de levarem os itens de papelaria para casa. A assessoria da rede Kalunga não conseguiu responder dentro do prazo de fechamento do texto. Já a Papel e Cia foi procurados pela reportagem, mas não respondeu à solicitação.

Veja os preços de alguns materiais:

Caderno com uma matéria:
Le Biscuit: R$ 5,99
Kalunga: R$ 8,50
Papel e Cia: R$ 6,49
Lojas Americanas: R$ 7,99

Caderno dez matérias:
Le Biscuit: R$ 9,99
Kalunga: R$ 18,50
Papel e Cia: R$ 10,90
Lojas Americanas: R$ 12,99

Kit de mochila infantil:
Le Biscuit: R$ 149,99
Kalunga: R$ 85,20 (apenas mochila)
Papel e Cia: R$ 59,90 (apenas mochila)
Lojas Americanas: R$ 74,80

kit de Lápis:
Le Biscuit: R$ 3,99
Kalunga: R$ 3,30
Papel e Cia: R$ 0,90 (unidade)
Lojas Americanas: R$ 4,90

Borracha:
Le Biscuit: R$ 1,50
Kalunga: R$ 1,90
Papel e Cia: R$ 0,35
Lojas Americanas: R$ 0,90

Caneta azul:
Le Biscuit: R$1,99
Kalunga: R$1,20
Papel e Cia: R$0,97
Lojas Americanas: R$1,45

Lápis de cor:
Le Biscuit: R$ 3,99
Kalunga: R$ 2,30
Papel e Cia: R$ 3,99
Lojas Americanas: R$ 5,96

Hidrocor:
Le Biscuit: R$ 4,99
Kalunga: R$ 9,90
Papel e Cia: R$ 4,84
Lojas Americanas: R$ 7,99

As vacinas ainda não chegaram, mas o esquema já está todo armado. Nesta segunda-feira (10), a Prefeitura de Salvador divulgou o planejamento para a vacinação das crianças de 5 a 11 anos, autorizada pelo Ministério da Saúde em 5 de janeiro. Serão 65 pontos de imunização e os postos vão funcionar das 8h às 18h.

Em toda a Bahia, são 1.447.163 crianças nessa faixa etária registradas no Sistema Único de Saúde (SUS), sendo 149.214 delas em Salvador. É possível consultar o nome da criança ou fazer o recadastramento através do portal da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) ou presencialmente, em uma das 155 unidades básicas da rede municipal, de segunda a sexta, a partir das 8h.

No caso das crianças que não têm cartão SUS de Salvador ou estão com cadastro em outra cidade, os pais ou responsáveis devem procurar uma unidade da prefeitura-bairro para conseguir o documento ou fazer a transferência de domicílio. Para esse serviço, é preciso fazer agendamento pelo site do Hora Marcada.

No momento da vacina, além dos originais e cópias dos documentos do adulto e da criança e do cartão de vacina, será necessário apresentar uma declaração de um dos pais autorizando a proteção. A declaração pode ser preenchida e assinada no ato da vacina ou impressa no site da SMS, para quem preferir levar pronta.

Na casa da recepcionista Ana Virgínia Lima, 42 anos, todos já estão imunizados, com exceção do pequeno Lucas, 9 anos. A mãe contou que o garoto está ansioso para receber a vacina, mas está mais empolgado pela novidade do que propriamente pela proteção.

“Meu esposo o levou no dia que foi tomar a vacina, eu também levei na minha vez, e ele foi também com o irmão mais velho. Ele está vendo os primos tomando e postando foto e comentando, então, está empolgado. A gente já explicou porque é importante ele tomar a vacina e ele entendeu, mas tem esse outro lado que a criança adora”, contou.

A vacinação de crianças foi aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) em 16 de dezembro, mas o Ministério da Saúde só autorizou a aplicação das doses no dia 5 de janeiro.

O prefeito Bruno Reis (DEM) contou que fará ações para tornar o dia lúdico e que uma campanha será lançada com o tema ‘Dia das Crianças é Dia da Vacina’ para incentivar os pais. Estão previstas participações do Le Cirque, atrações do Programa Ruas de Lazer e Anderson Martins DJ. Além disso, os profissionais de saúde estão sendo capacitados para realizar os atendimentos aos pequenos.

"Nossa expectativa é que até o final da semana possam chegar a Salvador [as doses] e vamos iniciar de imediato a vacina para as crianças para todos aqueles pais que quiserem vacinar seus filhos de 5 a 11 anos", afirmou o prefeito.

Objetivo
A meta é proteger 60 mil pessoas no Dia das Crianças, Dia da Vacina. Será usado o imunizante da Pfizer, em uma dose com 0,2 ml e composição específica para esse grupo etário. A vacina da covid não será administrada junto com outros imunizantes do calendário infantil. A recomendação, por precaução, é fazer intervalo de 15 dias.

A pediatra e presidente da Sociedade Baiana de Pediatria (Sobape), Dolores Fernandez, disse que as vacinas permitiram o controle de doenças que assolavam a população no passado e que todos os imunizantes do calendário vacinal precisam ser defendidos e aplicados.

“Graças às vacinas conseguimos erradicar a poliomielite, a varíola e o sarampo. Os conhecimentos sobre as vacinas são de muito tempo e a da covid virá para o calendário vacinal, assim como aconteceu com as outras. Ela é segura, já foi aplicada em vários países e, o mais importante, com bons resultados”, disse.

Ela destacou a imunização dos adultos como um exemplo da segurança da vacina, onde a gravidade dos casos diminuiu e os efeitos colaterais foram ínfimos, e lembrou que a alta na ocupação de leitos pediátricos – Salvador está com 95% de ocupação – se deve a saída das crianças do isolamento.

“Por isso, é importante mais do que nunca a vacinação. Uma criança não vacinada tem quatro vezes mais chances de desenvolver formas graves da doença. É preciso conversar com os filhos e lembrar que vacinação é caso de saúde pública. Eu me vacino e você se vacina, não por mim ou por você, mas para que toda a comunidade seja protegida”, disse.

A taxa de ocupação dos leitos pediátricos no estado é de 83%. O doutor em microbiologia e professor da UniFTC, Hebert Pina, contou que a desinformação é tão letal quanto o vírus. Ele pediu que os pais busquem fontes confiáveis antes de tomar decisões e que vacinem os filhos.

“As crianças sempre se vacinaram contra várias doenças e as vacinas também tinham efeitos colaterais em suas composições, como acontece com todo tipo de medicamento. O que temos visto é uma distorção, interpretações equivocadas dos estudos científicos que são apresentadas como sendo estudos”, disse.

O biomédico citou como exemplo a afirmação de que a miocardite (inflamação da camada média da parede do coração), apontada como um efeito colateral da vacina, será desenvolvida na criança que for imunizada, deixando de ser uma exceção para se tornar uma regra. “Foram feitos teste, no Brasil e fora do Brasil, que garantem a segurança dos imunizantes. É precioso tranquilizar os pais e que eles entendam que precisam proteger os filhos”, disse.

Prazo
Procurado, o Ministério da Saúde disse que encomendou mais de 20 milhões de vacinas pediátricas da Pfizer. Os imunizantes serão aplicados em duas doses, com intervalo de oito semanas da primeira para a segunda aplicação.

“A previsão é que essas unidades sejam entregues no primeiro trimestre deste ano. Até o fim de janeiro, a estimativa é que 4,3 milhões de doses cheguem ao país. A primeira remessa desembarcará no Brasil em 13 de janeiro, com novas entregas programadas para os dias 20 e 27 deste mês”, diz a nota.

Desde que a pandemia começou até dezembro do ano passado, foram registradas 311 mortes de crianças de 5 a 11 anos por Covid-19 no país. Foram 162 óbitos em 2020, e 149 em 2021.

Vacinação em Salvador:

Antes de se dirigir ao posto de imunização confira se seu filho está registrado no SUS de Salvador, através do portal da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) ou presencialmente nas unidades.
Caso não esteja registrado ou o registro seja de outra cidade, faça esse cadastro nas prefeituras-bairro. É necessário levar documentação dos pais e da criança, e comprovante de residência.
No dia da vacina não esqueça: máscara, documentos dos pais, da criança, originais e cópias do cartão de vacina e uma declaração de um dos pais autorizando a proteção. A declaração pode ser assinada no ato da vacina ou impressa no site da SMS e preenchida em casa.
A documentação exigida dos pais é a carteira de identidade, CPF, comprovante de residência e Cartão SUS. Para as crianças, é necessário apresentar certidão de nascimento e cartão SUS (se houver).
Depois da imunização contra a covid, a criança deve esperar 15 dias para receber qualquer outro tipo de vacina. A segunda dose será aplicada oito semanas após a primeira.

Congestão nasal, corpo mole e febre leve. Esses foram os sintomas que o produtor Matheus de Morais, 26 anos, apresentou a partir do dia 4 de janeiro. Eles coincidem com os principais sintomas que a variante ômicron do novo coronavírus causa, mas Matheus não sabe com qual cepa foi infectado, só sabe que foi diagnosticado com a covid-19. Nem todos os amigos do produtor, que também apresentaram sintomas gripais, fizeram teste. E é por isso que especialistas alertam para uma subnotificação de casos da ômicron no estado. A variante pode estar mais presente aqui do que indicam os 12 casos identificados nesta segunda-feira, 10, pela Secretaria da Saúde da Bahia (Sesab).

“Com certeza, há subnotificação. Muito provavelmente a ômicron já é a variante dominante aqui em Salvador e na Bahia, como em outros locais. E isso se deve muito às festas de Réveillon. Mas nem todo mundo testa, nem mesmo os que têm sintomas. E nem todos os testes vão para a triagem para a detecção de variante. Então na verdade, no país todo, estamos no escuro e isso é preocupante porque precisamos de dados para entender o cenário real e tomar medidas”, diz o imunologista Celso Sant’anna.

Nesta segunda-feira (10), o Laboratório Central de Saúde Pública da Bahia (Lacen-BA) divulgou que detectou 12 amostras da variante ômicron na Bahia. Esse total representa 12,5% dos 96 sequenciamentos realizados em amostras coletadas no mês de dezembro.

Os casos foram identificados em residentes de Salvador, Guanambi, Seabra, Camaçari, Madre de Deus e São Francisco do Conde. São sete homens e cinco mulheres, sendo o mais novo de 14 anos e o mais velho com 41 anos. Foram sete casos registrados na capital baiana, mas apenas um era residente, sendo os demais tripulantes de navios. A Secretaria Municipal de Saúde (SMS), no entanto, afirmou que todos os casos referentes a Salvador são de turistas, negando que haja um residente em meio aos infectados com a ômicron.

Com a divulgação dos 12 casos, a Secretária da Saúde do Estado, Tereza Paim, alertou que a atenção agora deve aumentar. ”Estamos vendo nos dados uma elevação do número de positivos covid. Nós vínhamos com uma média de 2 mil casos ativos. Passamos agora a 4.467”, afirmou.

Matheus de Morais diz que não sabe de quem pegou a doença porque, do seu ciclo de amigos, mais de uma pessoa foi infectada. “Um amigo meu fez o teste e deu positivo. Eu tive contato com ele, mas não sei se foi dele que peguei porque outros dois amigos também testaram positivo e outras pessoas do meu ciclo ficaram com esses sintomas de gripe mas não chegaram a fazer teste”, conta. Ele teve dificuldade de receber o diagnóstico porque, no primeiro dia de tentativa, os testes acabaram antes do horário de encerramento do atendimento devido à alta procura.

A variante ômicron foi detectada pela primeira vez na África do Sul, em novembro do ano passado. Todos os continentes já apresentam casos. No Brasil, os primeiros casos surgiram em São Paulo, ainda no final de novembro. O país já tem a primeira morte por ômicron confirmada. Trata-se de um idoso de 68 anos morador de um abrigo em Goiânia (GO). Ele tinha uma doença pulmonar e hipertensão arterial. A morte aconteceu no dia 27 de dezembro de 2021 e foi confirmada no dia 6 de janeiro deste ano.

Qual nível de preocupação a ômicron traz?

O imunologista destaca que a nova variante, apesar de menos letal, é extremamente transmissível. “É uma capacidade de transmissão impressionante, superior ao sarampo. A letalidade, no geral, é baixa. Mas isso não significa que não há preocupação. Pode haver desfecho grave com essa variante, inclusive, para quem tomou a vacina, mesmo que isso seja raro. Não há proteção de 100%. Mas o bom é que temos um contingente grande de pessoas vacinadas ou que estão pegando a doença e criando anticorpos, então vamos construindo uma imunidade coletiva”, acrescenta Sant’anna.

Washington Franca-Rocha, coordenador do portal Geocovid e professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), concorda que “certamente há subnotificação, devido aos sintomas menos intensos causados por essa variante" e faz o alerta. “O padrão apresentado na Europa e Estados Unidos, onde a ômicron encontra-se no auge, é de baixa letalidade, que vem sendo atribuída à proteção pelas vacinas. Entretanto, cabe salientar que no Brasil ao menos 30% não receberam duas doses de vacina e apenas 20% se encontram imunizados com a terceira dose”.

De acordo com a secretária Tereza Paim, cerca de 2,4 milhões de baianos ainda não retornaram para tomar as segunda ou terceira doses. Dados do Vacinômetro Bahia indicam que, se considerada uma população de 15 milhões de habitantes, pouco mais de 60% da população total está com 2ª dose e cerca de 10% com a dose de reforço.

Os estudos apontam que a variante ômicron é muito mais contagiosa do que as antecessoras, e por isso o mundo tem batido sucessivamente o recorde de casos diários de covid-19. A notícia boa é que os números de mortes não acompanharam a explosão de casos. O risco de hospitalização também é menor. De acordo com um estudo feito pela Agência de Segurança da Saúde do Reino Unido (UKHSA), as chances de um paciente com ômicron ser hospitalizado é igual a um terço das chances de um paciente com delta.

As vacinas protegem contra a ômicron?

A análise também concluiu que a proteção contra hospitalizações dada pelas vacinas é "boa" contra a ômicron. Uma dose da vacina foi associada a um risco 35% menor de hospitalização entre casos sintomáticos com esta cepa, enquanto duas doses reduzem em 67% esse risco, até 24 semanas após a segunda dose; com 25 semanas ou mais de aplicação da segunda dose, esse risco é reduzido em 51%. Uma terceira dose foi associada com risco 68% menor de hospitalização, na comparação com os não vacinados, diz o comunicado do Reino Unido.

Para a infectologista e pesquisadora da Fiocruz, Fernanda Grassi, diz que a cobertura vacinal que o Brasil tem hoje não é suficiente para conter a ômicron. “A cobertura vacinal da covid ainda não atingiu os níveis necessários para barrar a infecção, ainda mais agora com o surgimento da ômicron. Vários estudos têm mostrado que apenas duas doses de vacina não protegem completamente contra essa variante”, coloca.

Segundo o imunologista Celso Sant’anna, a cobertura vacinal suficiente para barrar a ômicron é relativa.

“A segunda dose, no geral, protege. Mas a proteção vai diminuindo ao longo do tempo, principalmente após seis meses, então a terceira dose é fundamental. Estudos apontam que todas as vacinas, na terceira dose, dão proteção de ao menos 80% contra a forma grave da doença. E o fato é que quanto mais avançado no esquema vacinal você estiver, melhores são as suas chances contra a doença, então não tem por que não vacinar!”, defende.

Sant’anna diz ainda que a ômicron pode ser “o começo do fim”, mas que ainda é cedo para cravar as cenas dos próximos capítulos. “O que parece é que estamos caminhando para um equilíbrio em relação à pandemia no sentido de que, talvez, essa seja a última variante de destaque, que terá alta transmissão, mas baixa letalidade. Aí passaríamos a conviver com esse vírus como convivemos com outros sob controle. Mas ainda é cedo para termos conclusões definitivas e, para chegar a isso, há uma transição ainda preocupante porque estamos tendo pressão no sistema de saúde”, finaliza.

Quais são os sintomas provocados pela ômicron?

A variante ômicron traz algumas novidades em relação ao que já se sabia sobre a covid-19. No início da pandemia, o período de incubação da doença, ou seja, o intervalo entre a data de contato com o vírus até o início dos sintomas, era estimado em até 14 dias. Agora, com a ômicron, os sintomas aparecem entre 3 a 5 dias após o contágio. Além disso, o paciente pode transmitir a doença antes mesmo dos sintomas se manifestarem. Mas quais são esses sintomas?

Febre e perda ou alteração do olfato e paladar foram reconhecidos como os principais sinais de infecção por coronavírus nos últimos dois anos. No entanto, a variante ômicron está provando causar diferentes efeitos, e seus sintomas podem ser confundidos com um resfriado comum, isso porque ela afeta mais as vias aéreas do que o pulmão. Veja quais são eles por ordem de frequência (levantamento do aplicativo ZOE Covid, que acompanha as manifestações clínicas da doença desde o início da pandemia):

Dor de cabeça
Coriza
Fadiga
Espirros
Dor de garganta
Tosse
Voz rouca
Calafrios
Febre
Tontura
Confusão mental
Olfato alterado
Dor nos olhos
Dores musculares incomuns
Perda de apetite
Perda de cheiro
Dor no peito
Glândulas inchadas
Desânimo

Quais cuidados devem ser tomados?

O advogado Guilherme Pitanga, de 25 anos, foi um dos contaminados com covid-19 na onda das festas de final de ano. Os sintomas começaram já no dia 1º de janeiro. “Começou com uma simples coriza. Depois disso, nos três dias seguintes, espirrei bastante, tossi bastante, tive febre, dor de cabeça e secreção. Daí, na última sexta-feira, fiz o teste, depois de rodar de Stella Maris até o Bonfim em busca de vaga, e deu positivo”, conta.

Guilherme passou a virada de ano em Morro de São Paulo com os amigos e admite que relaxou em relação aos cuidados que vinha mantendo desde o início da pandemia. “Eu, sinceramente, não esperava esse baque. Sei que a vacina não nos imune a ponto de não nos contaminarmos mais, mas não esperava esse ‘boom’. Mas, pelo menos, a vacina serviu muito para inibir os sintomas mais graves, tornando a maioria dos casos em uma ‘gripezinha’”, diz.

Para os especialistas, esse relaxamento de cuidados, que não está restrito a Guilherme, é preocupante. Como a ômicron é muito mais contagiosa que qualquer outra versão anterior do vírus, os cuidados precisam ser reforçados. Os infectologistas recomendam usar uma máscara de qualidade superior às de tecido e cirúrgicas. A PFF2, por exemplo, tem uma filtragem melhor, além de vedar bem as entradas e saídas de ar. Mesmo ao ar livre, a recomendação é não tirar a máscara e sempre que possível evitar aglomerações.

“A orientação é que, primeiro de tudo, quem não tomou a vacina, vá tomar. Seja a primeira, a segunda ou a terceira dose. É preciso que as pessoas completem o ciclo para que a gente possa ter uma população o mais imunizada possível. Quando o vírus está no processo de transmissão e se esbarra em pessoas protegidas, com imunidade, ele não vai encontrar um terreno para se propagar. Além disso, é preciso que a sociedade continue seguindo as orientações que existem desde o início da pandemia: utilização de máscara, uso do álcool em gel e adoção do distanciamento”, diz Ivan Paiva, coordenador médico de urgência e emergência de Salvador.

A partir do momento da suspeita de infecção, a recomendação é testar e procurar atendimento médico. “É preciso procurar o mais rápido possível um hospital porque alguns sintomas são diferentes dos tradicionais da covid inicial. Então as pessoas acham que estão com gripe ou resfriado, rinite, qualquer outra coisa. Então é preciso testar e receber orientação médica”, orienta o imunologista Celso Sant’anna. Ele acrescenta que a ômicron é mais difícil de ser detectada pelo teste rápido, então o ideal é o RT-PCR, mas, de todo modo, em caso de teste rápido, o ideal é fazer 5 dias após o contato com alguém infectado ou início de sintomas.

É recomendado isolamento de ao menos cinco dias a partir do aparecimento do primeiro sintoma ou a partir do teste positivo, para o caso de pessoas assintomáticas. Este é o período em que o risco de transmissão começa a cair, mas isso não significa que ele se anule. “O ideal são 14 dias ou ao menos 10, mas já estamos vendo o período de isolamento de 5 dias quando o paciente é assintomático ou tem sintomas leves. Mas eu não defendo esse período porque é uma variante muito transmissível. Claro que cada caso é um caso porque temos países como a França com falta de médicos porque estão todos contaminados, aí flexibilizaram esse tempo e os médicos que estavam bem voltaram a trabalhar. Nos Estados Unidos, por exemplo, está todo mundo se infectando e tem empresas sem funcionários”, explica Celso Sant’anna.

Saiba onde testar em Salvador:

Os testes rápidos de antígeno podem ser feitos das 8h às 16h, de segunda a sexta-feira. Segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), o resultado é liberado em cerca de 30 minutos.

Centro Histórico

UBS 19º CS Pelourinho
UBS Péricles Esteves Cardoso - Barbalho
UBS Santo Antônio
Itapagipe

USF São José de Baixo - Lobato
UBS Virgílio de Carvalho - Bonfim
UBS Ministro Alkimin - Massaranduba
São Caetano / Valéria

USF Nossa Senhora de Guadalupe – Alto do Peru
USF San Martim II - Fazenda Grande do Retiro
USF Boa Vista do Lobato
USF Lagoa da Paixão - Nova Brasília de Valéria
UBS Péricles Laranjeiras - Fazenda Grande do Retiro
Liberdade

USF IAPI - Pau Miúdo
Brotas

USF Candeal Pequeno
USF Mário Andréa (14º CS) - Sete Portas
UBS Major Cosme de Farias - Cosme de Farias
Barra / Rio Vermelho

USF Úrsula Catarino Garcia - Fazenda Garcia
USF Ivone Silveira – Calabar
USF Engenho Velho da Federação
Boca do Rio

UBS César de Araújo - Boca do Rio
USF de Pituaçu
Itapuã

USF Parque São Cristóvão
USF Vila Verde
USF CEASA I e II
USF São Cristóvão
USF KM 17 - Itapuã
Cabula / Beiru

UBS Calabetão
USF Deputado Cristóvão Ferreira Saramandaia - DETRAN
UBS Prof. Humberto C. Lima Pernambuezinho - Pernambués
USF Raimundo Agripino Sussuarana - Sussuarana
Pau da Lima

UBS Dra. Cecy Andrade - Largo da Feirinha
UBS Canabrava (Rua Bem-Te-Vi)
UBS Sete de Abril
UBS Castelo Branco
USF Gal Costa
UBS Vale dos Lagos
USF Canabrava (Rua Artêmio Valente)
Subúrbio Ferroviário

USF Ilha Amarela
USF Rio Sena
USF Bate Coração
USF Vila Fraternidade
USF Fazenda Coutos III
USF Beira Mangue - São Bartolomeu
USF São Tomé de Paripe
Cajazeiras

USF Palestina - Fazenda Grande I
USF Cajazeiras / Jaguaripe I - Fazenda Grande II
USF Fazenda Grande III
Quantas variantes existem?

As variantes mais comentadas são as chamadas variantes de preocupação, assim classificadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) porque há evidências de que são mais transmissíveis, podem escapar da imunidade adquirida (via vacina ou infecção natural) e/ou provocar versões mais graves da covid-19. Até o momento, além da ômicron, existem quatro variantes de preocupação.

Relembre quais são elas:

Alfa (antiga B.1.1.7) - detectada pela primeira vez no Reino Unido em setembro de 2020
Beta (antiga B.1.351) - detectada pela primeira vez na África do Sul em dezembro de 2020
Gama (antiga P.1) - detectada pela primeira vez no Brasil em novembro de 2020
Delta (antiga B.1.617.2) - detectada pela primeira vez na Índia em outubro de 2020
A Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), a Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS) e o Conselho de Secretarias Municipais de Saúde da Bahia (Cosems-Bahia) foram procurados para comentar sobre o espalhamento da variante ômicron na Bahia, mas não deram retorno.


A Salvador Produções, empresa responsável pela realização do Baile da Santinha In the Park, anunciou, nesta segunda-feira (10), o cancelamento das duas próximas atrações da festa que aconteceriam no dia 14 e 21 de janeiro. A suspensão do baile acontece após o governador da Bahia, Rui Costa, ter decretado a redução de público em eventos no estado.

A próxima edição do ‘Baile da Santinha’, ensaio de verão do cantor Léo Santana, seria no dia 14 de janeiro, a partir das 19h, no Parque Exposições Salvador, na Avenida Paralela. Uma das participações mais aguardadas era a do DJ Alok, que tocaria seus principais hits. Além de Alok, o agito também teria apresentações de Tayrone e João Gomes.

Rui Costa decretou a redução da capacidade máxima de público em estádios e shows, de 5 mil para 3 mil pessoas nesta segunda com o objetivo de frear o avanço do número de casos de coronavírus e H3N2 na Bahia. "Nós limitamos todos os espaços a 50% da capacidade, isso vale pra teatro, cinema e qualquer espaço de evento. E, neles, o limite máximo é de 3 mil pessoas", anunciou em entrevista à TV Bahia. A medida é válida também para estádios de futebol.

Os clientes que adquiriram passaporte ou ingresso para o Baile do dia 14 deverão solicitar o reembolso conforme a política de compra no local ou plataforma em que comprou o ingresso: Loja Bora Tickets, loja do Pida, www.boratickets.com.br www.sympla.com.br

A Salvador Produções informou ainda que realizará nesta sexta (14), às 20h, um novo evento, com formato diferenciado para 3.000 pessoas seguindo orientações do decreto, o “ENSAIOS DE VERÃO”, com shows de Léo Santana, João Gomes e Tayrone. As vendas para este evento começam nesta terça (11).