O Jornal da Cidade

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Com índice de 94,6%, Salvador é a cidade mais eficiente na aplicação de doses da vacina contra a Covid-19 na relação entre o quantitativo recebido e aplicado, em comparação com as outras capitais do país. De acordo com o levantamento do Ministério da Saúde, de 1.434.323 doses recebidas, a capital baiana já aplicou 1.356.726. Além de Salvador, apenas Campo Grande (MS) ultrapassou o índice de 90% - apresentando 92,4% no ranking.

Ontem (19), a cidade ultrapassou a marca de 957 mil pessoas imunizadas que receberam a primeira dose do imunizante – a segunda dose já abrangeu 408 mil cidadãos. Após alcançar os públicos prioritários, seguindo o Plano Nacional de Imunização, Salvador também tem avançado na vacinação por idade – neste domingo (20), recebem a primeira dose as pessoas com 48 anos, nascidas até 20 de fevereiro de 1973.

"Desde o início, entendemos que a vacinação é o caminho para vencermos a Covid-19 e fazer com que Salvador possa retomar todas as atividades e a rotina o mais rápido possível. É muito gratificante ver que esse esforço vem dando resultado, principalmente no sentido de preservar vidas. Vamos continuar trabalhando para, assim que chegarem, colocar rapidamente as doses no braço de cada um dos cidadãos", destacou o prefeito Bruno Reis.

O resultado é fruto do esforço da Prefeitura, iniciado em janeiro deste ano, para imunizar com maior agilidade possível os cidadãos soteropolitanos, em uma das principais estratégias de enfrentamento à Covid-19 na cidade. Somente no quesito vacinação, os investimentos envolveram a aquisição de equipamentos, como ultrafreezers para acondicionamento dos imunizantes.

Além disso, foi montada uma megainfraestrutura de aplicação das doses, através da Secretaria Municipal da Saúde (SMS) e com apoio de outros órgãos municipais. São mais de 1,5 mil profissionais envolvidos, disponibilizados diversos pontos de imunização drive-thru e fixos, implantação da vacinação em domicílio através do Vacina Express, e criação das ferramentas tecnológicas Hora Marcada, QR Code da Vacinação, Vacinômetro, Filômetro e o portal de cadastramento das comorbidades, dentre outras iniciativas.

Um grupo empresarial, que atua no ramo de distribuição de medicamentos, suspeito de sonegar R$ 39 milhões em impostos é alvo da operação Panceia, deflagrada nesta segunda-feira (21). Equipes da Secretaria da Segurança Pública (Polícia Civil e Departamento de Polícia Técnica), da Secretaria da Fazenda, do Ministério Público estadual e da Receita Federal cumprem mandados de busca e apreensão, em Salvador e Feira de Santana.

Computadores, telefones celulares e documentos foram apreendidos, na sede de uma empresa de distribuição de medicamentos, suspeita de sonegar R$ 39 milhões em impostos. O flagrante aconteceu no bairro de Pirajá.

"As investigações apontam também para possível prática de lavagem de dinheiro. Estamos cumprindo mandados na empresa que faz a contabilidade e na casa dos proprietários", explicou a titular da Delegacia de Crimes Econômicos e Contra a Administração Pública (Dececap), delegada Márcia Pereira.

Além do bairro de Pirajá, a operação cumpre mandados nos bairros do Rio Vermelho, Horto Florestal, Itaigara e Pituba. Fazem parte da operação, o Departamenro de Polícia Técnica, a Sefaz, Receita Federal e MP.

A Justiça também determinou também o bloqueio dos bens do grupo, para garantir a recuperação dos valores sonegados. Segundo as apurações, o grupo criava empresas em nome de “laranjas” ou “testas-de-ferro” e utilizava empresas sem existência operacional, com o intuito de sonegar impostos. Também foram identificados prejuízos ao Fisco Federal.

De acordo com as investigações, há ainda fortes indícios da prática do crime de lavagem de dinheiro, com significativo incremento econômico da composição societária das diversas empresas do grupo, por meio da criação de empreendimentos comerciais voltados à participação em outras sociedades e em investimentos patrimoniais imobiliários.

A operação Panceia é uma iniciativa da Força-Tarefa de Combate à Sonegação Fiscal, composta pela Delegacia de Crimes Econômicos e Contra a Administração Pública (Dececap) através da Coordenação Especializada de Combate à Corrupção e Lavagem de Dinheiro (Ceccor) da Polícia Civil, Inspetoria Fazendária de Investigação e Pesquisa (Infip) da Sefaz e do Grupo de Atuação Especial de Combate à Sonegação Fiscal do MP (Gaesf).

O relator da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid no Senado, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou neste domingo, 20, que seria um "erro brutal" paralisar a investigação durante o recesso da Casa. O senador disse acreditar que o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), não vai tomar "uma decisão absurda como essa".

"Seria um erro brutal, não é comum se interromper um processo de investigação, sobretudo com a gravidade desse processo, dessa Comissão Parlamentar de Inquérito", afirmou Renan em entrevista no período da noite deste domingo à GloboNews. "Mais do que isso, eu acho que a Comissão Parlamentar de Inquérito deva se insurgir."

O Congresso suspende suas as atividades entre 18 e 31 de julho e de 23 de dezembro a 1º de fevereiro. Para haver o recesso de julho, é necessário que o Congresso aprove o Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (PLDO).

Renan Calheiros declarou que "ninguém de bom grado aceitará uma paralisação" dos trabalhos. "Isso vai diretamente impactar com relação à conclusão dos nossos trabalhos no prazo da Comissão Parlamentar de Inquérito", disse.

A CPI tem o prazo de duração de 90 dias. "Nós vamos esvaziar uma investigação que está indo muito bem", reforçou.

O relator disse que "todas as teses da investigação" foram comprovadas até o momento. "Nós já comprovamos o funcionamento, a existência do gabinete paralelo, do Ministério das Sombras. Nós comprovamos que o governo não quis comprar vacinas, que o presidente da República continua sem acreditar na eficácia dessas vacinas e a defender a imunização natural", disse. "Nós, agora estamos indo, depois de aparelhados pela participação de pessoas do Tribunal de Contas, da Receita Federal e até da Polícia Federal, o que vai se definir no decorrer dessa semana, adentrar na questão dos recursos, seguir o dinheiro, se houve desvios, se não houve desvios", acrescentou.

Além disso, Renan repetiu que a CPI analisa se pode investigar o presidente Jair Bolsonaro. "Estamos estudando se vamos poder ouvir o presidente da República. Há uma dúvida se essa oitiva pode se fazer por escrito, na medida em que o presidente da República pode responder por escrito judicialmente algumas das indagações que lhes fazem. Se nós pudermos ouvir, nós vamos ouvi-lo."

Responsáveis por dar o diagnóstico e cuidar dos pacientes contaminados pelo coronavírus, os profissionais de saúde da Bahia se viram do outro lado da história mais de 50 mil vezes desde que a pandemia começou. É que, de março de 2020 - quando a crise sanitária mundial foi decretada - para cá, 50.384 profissionais de saúde que trabalham na Bahia já foram diagnosticados com a covid-19, segundo dados divulgados pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab).

A técnica de enfermagem Suellen Maria de Santana, 37 anos, recebeu a mesma notícia duas vezes: ela está com covid pela segunda vez. Mesmo tendo tomado as duas doses da vacina AstraZeneca, a alta exposição à contaminação durante o exercício da função foi suficiente para uma reinfecção. “Estamos a todo momento em contato com o paciente de covid. Só Deus para nos proteger”, diz a técnica, que integra a lista dos mais de 50 mil casos da doença em profissionais da saúde.

Dentre as categorias que compõem o sistema de saúde, a de Suellen é justamente a dos mais atingidos pela doença. São 14.651 técnicos ou auxiliares de enfermagem infectados pela covid. Os dados são do boletim epidemiológico da Sesab deste domingo (20), que lista 11.711 casos em profissionais de saúde cuja categoria não foi informada. Logo depois aparecem os enfermeiros (8.912 casos) e os médicos (4.339). Não há dados sobre óbitos de profissionais de saúde no boletim epidemiológico.

Os dados, no entanto, podem ser ainda maiores do que os oficialmente contabilizados. Para que um caso de covid-19 em um profissional da saúde seja contabilizado, é preciso que o hospital faça a notificação para o banco de dados do Ministério da Saúde. Caso esse ato não ocorra, por mais que o trabalhador esteja doente, esse número não entra nas estatísticas oficiais de funcionários infectados pela covid. É o que afirma Adauto Silva, diretor de comunicação e imprensa do Sindisaúde Rede Privada.

“Na realidade, é um número bem maior do que 50 mil. Eu tenho acompanhado a quantidade de trabalhadores que vêm dobrando a carga horária de trabalho por causa da falta de outros que precisaram se ausentar por terem pego covid. Vários trabalhadores fazem o teste e não tenho dúvida que várias instituições não estão notificando, enviando as informações”, declara.

Alta exposição
Além de uma carga de trabalho maior, os profissionais de saúde lidam com uma alta exposição ao vírus. Suellen, por exemplo, trabalha numa unidade de saúde exclusiva para casos de covid em Ribeira do Amparo, cidade de apenas 15 mil habitantes localizada no Nordeste da Bahia. Não existem no município Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), o que significa que, quando algum paciente tem o quadro de saúde agravado, é necessário fazer a transferência através da Central Estadual de Regulação.

“Enquanto a transferência não acontece, temos que ficar com ele dando todo o suporte possível: ofertamos oxigênio, aplicamos medicações receitadas pelo médico, acompanhamos os sinais vitais... Se é paciente acamado, temos que dar banho e trocar fralda. Tudo isso requer contato e, mesmo usando todos os equipamentos de proteção, em qualquer descuido, num pequeno momento de desatenção, a contaminação pode ocorrer”, explica.

Ivanilda Brito, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde do Estado da Bahia (Sindsaúde), afirma que não há uma explicação concreta sobre o maior adoecimento de técnicos e auxiliares de enfermagem, mas que a hipótese do contato maior com o paciente é a mais provável. “Eles lidam diretamente com os doentes, estão na cabeceira do leito. E por mais que você use o EPI, tem um momento que você sai da regra de proteção a depender da urgência”, diz.

Reinfecções
A técnica de enfermagem Ana Carla, 38, assim como Suellen, também foi infectada duas vezes pela covid-19. A primeira contaminação foi em julho do ano passado e a segunda, em março de 2021, oito dias após ela ter tomado a segunda dose da CoronaVac. Em ambas as contaminações, o estado vivia uma realidade de aumento de casos. Ana Carla é funcionária do Hospital Espanhol e acredita que a sobrecarga de atendimento é uma razão que tem ligação com o maior adoecimento dos profissionais de saúde.

“Eu acredito que a carga de trabalho impacta, pois a gente acaba não se alimentando direito, a imunidade cai e aí ficamos mais afetados. No hospital, estou sempre usando os equipamentos, exceto nos momentos que estou no banheiro e preciso escovar os dentes, por exemplo, ou tenho que comer no refeitório. Apesar de que a gente também circula na rua, então não significa necessariamente que pegamos a doença dentro do hospital”, relata.

Adauto Silva, do Sindisaúde Rede Privada, diz que o sindicato já recebeu relatos de técnicos de enfermagem que se infectaram três vezes pela covid. “A verdade é que o país nunca teve um sistema de saúde preparado para enfrentar uma batalha dessa. O país estava despreparado e o presidente não lidou com o problema da forma como deveria. Tudo isso complicou a vida dos profissionais de saúde, que ficaram sobrecarregados”, afirma.

Sobrecarga
Coordenadora de enfermagem do Hospital Espanhol, Claudiana Pereira, 40, está há um ano e dois meses na linha de frente do combate a covid, desde que a unidade de saúde foi reaberta, em abril de 2020. Nesse período, ela não teve sequer uma semana de férias. Nem mesmo quando foi infectada pela doença, Claudiana conseguiu deixar de trabalhar. Em casa, no isolamento, continuou tomando as decisões importantes que faziam parte da sua função.

“Eu tentei me manter o mais calma possível. Tinha crise de tosse e a sensação de que era falta de ar, mas não era, precisava mais de um controle emocional”, lembra a profissional de saúde, que em março tinha tomado a segunda dose da vacina CoronaVac. “Eu tive sintomas leves, mas acho que seriam piores se não fosse o imunizante. A gente percebe que o vírus está mais contagioso e causando casos mais graves em jovens”, relata.

A presidente do Sindsaúde, Ivanilda Brito, defende que o poder público precisa olhar com mais cuidado para os profissionais da saúde. “Nós lutamos pelos EPIs, mas também para que se resolva a situação do transporte coletivo, que é grave. Os trabalhadores fazem de tudo para se preservar e, quando chega no coletivo, no metrô, como é que se protege com aquela lotação? Algo simples para resolver isso é instituir a flexibilização no horário de entrada, para não forçar o trabalhado a encarar um transporte lotado”, sugere Ivanilda.

O CORREIO questionou a Sesab sobre quais são as ações que a pasta tem adotado para a categoria dos profissionais da saúde, mas não obteve retorno até o fechamento desta reportagem.

Após início da vacinação, casos em profissionais da saúde começaram a reduzir
Os números de casos de covid na categoria, divulgados diariamente nos boletins epidemiológicos da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), mostram que a quantidade de profissionais da saúde infectados começou a reduzir após o início da vacinação. Por ser grupo prioritário, a categoria foi a primeira a receber as doses dos imunizantes.

Em julho de 2020, a Bahia tinha 10 mil casos de covid entre profissionais de saúde. Um mês depois, a quantidade de infecções já tinha dobrado. Depois, o estado começou a ter uma queda no número diário de novas infecções, fazendo com que os 30 mil profissionais da saúde contaminados só fossem alcançados em novembro. Em janeiro de 2021, quando a imunização começou, já eram 40 mil. Desde então, a Bahia enfrentou uma segunda onda de contaminações e, mesmo assim, levaram cinco meses para que o estado chegasse à marca de 50 mil profissionais de saúde contaminados.

Desde que o levantamento começou a ser divulgado, em maio de 2020, o mês com mais profissionais da saúde infectados foi agosto (7,5 mil infecções), seguido por dezembro, com 4,8 mil casos. Desde então, os números mensais de novas contaminações caíram, com exceção de maio de 2021, que teve uma leve aceleração em comparação com abril. Em junho, até o boletim do dia 20, 1.184 profissionais da saúde tinham pego covid. Confira o gráfico.

Infogram
A presidente do Sindsaúde, Ivanilda Brito, concorda que os casos começaram a diminuir por causa da vacinação, mas alerta que isso de nada adianta se a imunização não acelerar em todo o estado: “A gente precisa mesmo é ter todo mundo vacinado para gerar a imunidade coletiva e, assim, a segurança para os profissionais de saúde. Nós estamos longe disso, infelizmente. Se toda a população está vacinada, tem uma proteção para todas as categorias e a nossa sobrecarga de trabalho vai diminuir”, explica.

O Conselho Regional de Enfermagem da Bahia (Coren-BA) foi procurado, mas não retornou até o fechamento desta reportagem.

Desligamentos por morte crescem 40% na Bahia
O Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde do Estado não informa o número de óbitos por covid-19 entre profissionais de saúde. Os dados sobre desligamentos de contratos do modelo CLT por morte, mostrado pelo CORREIO na semana passada, também não especificam as categorias - foram 678 desligamentos por morte de janeiro a março de 2021, 40% a mais que no mesmo período de 2020.

Mas, as entidades representativas desses profissionais fizeram as contas. O Conselho Regional de Enfermagem da Bahia contabilizaram 40 óbitos de profissionais. Já o Conselho Regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional (Crefito) registrou duas mortes.

Os técnicos de enfermagem e os enfermeiros também lideram os afastamentos por incapacidade temporária em 2020: na Bahia, foram 168 técnicos afastados (18%) do total e 56 enfermeiros (6%).

A Bahia registrou 102 mortes e 4.998 novos casos de covid-19 (taxa de crescimento de +0,5%)em 24h, de acordo com dados do relatório epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) até o final da tarde desta sexta-feira (18). No mesmo período, 4.023 pacientes (+0,4%) foram considerados curados da doença.

Dos 1.088.035 casos confirmados desde o início da pandemia, 1.049.119 já são considerados recuperados, 15.908 encontram-se ativos. Na Bahia, 50.254 profissionais da saúde foram confirmados para Covid-19.

O total de mortes por covid-19 no estado é de 23.008. A taxa de letalidade da doença no estado é de 2,11%. Dentre os óbitos, 55,80% ocorreram no sexo masculino e 44,20% no sexo feminino. Em relação ao quesito raça e cor, 54,91% corresponderam a parda, seguidos por branca com 22,20%, preta com 15,46%, amarela com 0,42%, indígena com 0,13% e não há informação em 6,87% dos óbitos. O percentual de casos com comorbidade foi de 61,17%, com maior percentual de doenças cardíacas e crônicas (73,09%).

Apesar das 102 mortes terem ocorrido em diversas datas, a confirmação e registro foram contabilizados nesta sexta. 99 ocorreram em 2021, sendo 89 em junho. Somente pelos dados dos cinco boletins ao longo desta semana, entre segunda-feira (14) e sexta (18), 144 pessoas morreram na Bahia de covid-19. O número ainda deve aumentar aos longos dos próximos boletins.

De acordo com a Sesab, a existência de registros tardios e/ou acúmulo de casos deve-se à sobrecarga das equipes de investigação, pois há doenças de notificação compulsória para além da Covid-19. Outro motivo é o aprofundamento das investigações epidemiológicas por parte das vigilâncias municipais e estadual a fim de evitar distorções ou equívocos, como desconsiderar a causa do óbito um traumatismo craniano ou um câncer em estágio terminal, ainda que a pessoa esteja infectada pelo coronavírus.

Situação da regulação de Covid-19
Às 12h desta segunda-feira, 92 solicitações de internação em UTI Adulto Covid-19 constavam no sistema da Central Estadual de Regulação. Outros 52 pedidos para internação em leitos clínicos adultos Covid-19 estavam no sistema. Este número é dinâmico, uma vez que transferências e novas solicitações são feitas ao longo do dia.

Uma disputa de terra é apontada como principal motivação para o assassinato do agricultor Paulo Antônio Ribas Grendene, de 62 anos, no dia 11 de junho, em Barreiras, no Oeste baiano. O secretário da Segurança Pública, Ricardo Mandarino, e a delegada-geral da Polícia Civil, Heloísa Brito, estiveram na cidade para se atualizar sobre a investigação.

O agricultor morto havia denunciado investigados na Operação Faroeste, que apura o envolvimento de membros do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) num suposto esquema de venda de sentenças, formação de quadrilha, grilagens de terra na regO delegado Rivaldo Luz, titular da 11ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin/Barreiras), explicou que imagens de câmeras no bairro de Bandeirantes, onde aconteceu o crime, estão sendo analisadas pela polícia. Nove testemunhas já foram ouvidas. "A apuração está avançada", afirma.

O secretário diz que as equipes estão totalmente dedicadas na tarefa de desvendar o caso. "Estamos aqui em Barreiras para dar apoio aos nossos policiais e para a população da região Oeste saber que vamos atuar com celeridade", afirma.

Até agora, ninguém foi preso pelo crime.

Morte
O crime aconteceu em Barreiras, na última sexta-feira (11). De acordo com a Polícia Civil, a vítima estava dirigindo seu carro quando foi atingida por disparos de arma de fogo. Ainda segundo a PC, familiares foram ouvidos, imagens de câmeras de vigilância foram requisitadas.

Grendene era natural de Nova Londrina, no Paraná. Seu corpo foi levado para o sepultamento que aconteceu no último domingo (13), em sua terra natal. A autoria e a motivação ainda estão indefinidas.

Em contato com a delegacia, o CORREIO conseguiu apurar que as investigações ainda estão em fase preliminar. Os policiais realizaram diligências para tentar localizar os suspeitos, que estavam encapuzados num Fiat Uno.

A vítima levou tiros de uma espingarda 12 mm e pistola calibre 9 mm. De acordo com uma fonte da delegacia, foi um crime premeditado e feito por profissionais.

O Ministério Público estadual, por meio do promotor de Justiça Luciano Valadares Garcia, recomendou que os prefeitos dos municípios de Bom Jesus da Lapa, Serra do Ramalho, Sítio do Mato e Paratinga coíbam a realização de quaisquer festejos juninos no ano de 2021. O MP recomenda que os gestores suspendam a realização de todos os eventos festivos ligados ao período junino, como shows musicais e quadrilhas, e também que não concedam espaços públicos para realização de eventos particulares da mesma natureza.

O promotor de Justiça pede que os gestores reforcem a divulgação de campanhas de conscientização, bem como as medidas de fiscalização para evitar aglomerações no período junino, adotando as medidas legais cabíveis. Na peça, o MP lembra aos prefeitos que, em decorrência da pandemia, as aglomerações, sobretudo em caso de presença de infectados, podem ser enquadradas nos tipos penas de infração de medida sanitária e de omissão de notificação de doença.

A recomendação levou em consideração que o último Boletim de Monitoramento da Covid-19, de 15 de junho de 2021, divulgado pela Prefeitura e Secretaria de Saúde de Bom Jesus da Lapa, cidade que atende a região, dá conta de que a UTI do Hospital Carmela Dutra registra um índice de 100% de ocupação, com todos os 10 leitos preenchidos, e que os 23 leitos clínicos no município destinados à Covid-19 também estão todos ocupados.

No município, foram registrados 98 novos casos, totalizando 4.981 casos, e 70 mortes. Em Serra do Ramalho, o monitoramento dá conta de que foram registrados oito novos casos, totalizando 794 casos, e 32 mortes. Já em Sítio do Mato, o controle registra quatro novos casos, totalizando 190 casos, e cinco mortes. O boletim de Paratinga revela a ocorrência de cinco novos casos, totalizando 1.102 casos, e 19 mortes.

A polícia apreendeu R$ 670 mil na noite de quinta-feira (17), em uma fazenda do Povoado de Encruzilhada, no município de Vitória da Conquista. A fazenda está registrada no nome do irmão de um prefeito de uma cidade do Estado de São Paulo. A Secretaria de Segurança Pública (SSP) não divulgou o nome do município, mas o CORREIO apurou que trata-se do prefeito de Embu das Artes, Ney Santos, que se encontrava no momento da ação. Já o irmão dele, não estava na fazenda.

O gerente da fazenda, que não teve a identidade divulgada, foi preso em flagrante, com armas e munições. Com o gerente foram apreendidos uma pistola calibre 380, uma carabina calibre 22 e mais de 250 munições. Ele foi autuado em flagrante por posse ilegal de arma de fogo, mas pagou fiança no valor de R$ 27 mil e foi liberado.

No momento do cumprimento da ordem judicial, foi encontrada uma aeronave modelo King Air, estacionada da pista de pouso e ao entrar na sede da fazenda, e a quantia de R$ 670 mil. O prefeito de Embur das Artes negou ser o proprietário do imóvel e do dinheiro. Ainda não foram entregues documentos que comprovam a origem do dinheiro.

O prefeito que já foi condenado pela Justiça de São Paulo por disparo de arma de fogo em via pública, também é investigado por envolvimento com o tráfico de drogas. Foi arbitrada a fiança de R$ 27 mil para o gerente, que imediatamente foi paga. Os policiais investigam se o dinheiro faz parte de corrupção ou de alguma outra atividade ilícita. Segundo o CORREIO apurou, a família do prefeito passaria as festas juninas no local.

Participaram da operação intitulada “Narco Divisa”, a 10ª Coorpin de Conquista, a 21ª Coorpin de Itapetinga, a Delegacia de Tóxicos e Entorpecentes de Conquista e o Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco). Na hora que a polícia chegou ao local encontrou mais de 50 trabalhadores no local.

O setor de construção civil da Bahia está bem mais enxuto desde o início da pandemia, conforme revelado pela Pesquisa Anual da Indústria da Construção (PAIC), divulgada pelo IBGE nesta quinta-feira (17) com dados de 2019. Em 31 de dezembro daquele ano, estavam abertas 2.372 empresas da construção civil no estado, número 9,2% abaixo do registrado em 2018 (2.613) e o menor desde 2011. De acordo com economista ouvido pelo CORREIO, esse cenário não deve mudar no curto prazo. No entanto, a queda no número de CNPJ’s abertos não significa necessariamente um choque no setor e nem na sua capacidade de gerar empregos.

Pelo menos, é isso que garante Carlos Henrique Passos, diretor de relações institucionais do Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon-BA), que cita que, em 2021, 7 dos 52 mil empregos gerados na Bahia foram na construção civil. “Como os negócios são muito individuais e não há grandes obras públicas ou imobiliárias, os contratos estão menos amplos, o que deixa empresas menores de fora. É preciso analisar o setor todo e não só olhar para o que se perdeu. Estamos relativamente bem dentro de uma economia complicada”, garante.

Um exemplo desse bom andamento do setor é a MRV Construtora. “Nosso nível de contratação de mão de obra, por exemplo, apresentou aumento para garantir o cumprimento de cronogramas de entregas e em função das várias obras que estão sendo iniciadas no estado. Em Salvador e Região Metropolitana foram lançados três empreendimentos nesta primeira metade de 2021 e novos lançamentos de imóveis vão ocorrer para atender clientes de diferentes faixas de renda”, afirmou a empresa em nota enviada à reportagem.

Para Passos, o fechamento de quase trezentas empresas poderia indicar uma alta na desocupação de postos de trabalho, mas não é o que tem acontecido segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), que também são destacados por ele. “Quando o foco é o que se tem hoje e a economia que estamos lidando, estamos bem. Nós perdemos, em 2020, 638 postos de trabalho, o que é pouco se considerarmos a pandemia. O setor de serviços, por exemplo, perdeu cerca de 10 mil vagas. O segmento que gerou emprego foi basicamente a agropecuária, com 2 mil postos sendo ocupados”, salienta.

Realidade diferente

A necessidade de avaliar o setor com foco no que temos hoje como realidade econômica é reforçada pelas falas de Tiago Brito, economista e head de mercado de capitais da Arazul Capital, que explica que existe uma diferença considerável para o que se viu na Bahia - e no Brasil - até 2014, quando havia uma crescente na construção civil porque existia uma alta de investimento do governo em obras públicas, o que, segundo ele, é um dos principais indutores da construção civil.

“Antes, tínhamos refinarias sendo construídas, rodovias sendo duplicadas, usinas hidroelétricas, termoelétricas e o governo federal como carro chefe de todo esse cenário, mas o governo deixou de ter liquidez para tocar essas obras. O Brasil hoje é um canteiro de obras paradas e a Bahia também se encontra na mesma situação, o que maltratou a construção civil”, informa.

Mariana Viveiros, supervisora de disseminação de informações do IBGE, ratifica tanto as falas do economista como do diretor do Sinduscon, explicando que há uma mudança no perfil do setor e que, a partir dessa alteração, existe um crescimento que mostra recuperação da construção civil baiana. "O setor vem encolhendo a partir de 2015 e 2016, um movimento contínuo que a gente vem verificando com a redução de empresas que vão fechando as portas. O que parece é que há mesmo uma mudança de estrutura na construção civil do estado, que está mais enxuto, o que não quer dizer que é menos importante economicamente porque o valor agregado por ele mostra um crescimento recente", conta Mariana, citando a recuperação de 2018 e 2019 no ramo.

Motivos da queda

Para Passos, o encolhimento constatado quando o assunto é volume de empresas no setor em território baiano é resultado da soma de um problema da área imobiliária com os problemas nas obras públicas, reduzindo a oportunidade de serviços para empresas que contavam anteriormente com a execução de programas como o Minha Casa, Minha Vida. “Temos poucos investimentos em obras públicas e, quando elas existem, são na área de mobilidade urbana, logística ou mesmo de rodovias. Não são obras que geram oportunidades distintas também para os pequenos, como as de edificações. Começou a surgir até uma recuperação do mercado imobiliário em 2019, mas aí veio a pandemia”, relata.

Outro ponto que é crucial para explicar o processo de diminuição do número de empresas nos últimos anos é a "dilaceração" de grandes construtoras da construção civil baiana, como a Odebrecht e a OAS durante a Lava Jato. É o que diz Tiago Brito, que explica que essas empresas eram responsáveis por um volume alto de construtoras subcontratadas, gerando renda também para pequenas empresas no ramo.

“Eram grandes empregadores, também subcontratavam empresas menores, empresas satélites do próprio estado para tocar obras em todo território baiano. Sem dúvida nenhuma, a queda dessas construtoras baianas que foram alvo da Lava Jato diminuiu o tamanho dela e limitou também o alcance delas em serviços na Bahia, o que influencia bastante na queda da nossa construção civil”, afirma.

O último fator apontado pelo economista como vetor da queda do volume de contratação e o consequente fechamento das empresas é o crédito imobiliário, que é um dos principais ativos para incorporação imobiliária. “Com alto desemprego e alta informalidade, você não consegue crédito imobiliário. Se eu tô desempregado ou trabalhando no mercado informal, não consigo financiar um apartamento na Caixa Econômica pela fragilidade da minha renda. A Caixa não vai me conceder um empréstimo de 30 anos se eu não tiver uma renda comprovada. O mercado imobiliário depende de crédito imobiliário, depende de renda, das pessoas empregadas”, alerta.

 

Para fazer cumprir o decreto estadual que proíbe aglomeração devido à pandemia de covid-19, a Operação São João, da Polícia Militar, vai contar com o incremento no efetivo de 7,5 mil policiais em todo território baiano. Eles estariam de folga no período, mas serão convocados para trabalhar. O reforço será empregado entre os dia 23 e 28 deste mês.

O efetivo da PM baiana é 32 mil policiais e, como os 7,5 mil agentes do reforço dessa operação estão dentro desse grupo, um dos resultados será o pagamento de horas-extras. Isso irá provocar um custo superior a R$ 1 milhão ao Governo do Estado. "Serão 7 mil no interior e 500 na capital. Como será isso? Essa mobilização de efetivo vai gerar um investimento de R$ 1,1 milhão de deslocamento, pagamento de horas extras, diárias. A gente pega o pessoal de folga em regime extraordinário e incrementa esse policiamento nessas cidades", declarou o oficial do Comando de Operações Policiais Militares (COPPM), o major Edmundo Assemany.


O major revelou ainda que as abordagens serão meramente preventivas. "O nosso objetivo primordial é fazer cumprir o decreto estadual que proíbe aglomerações, seja ela qual for. Então, tudo o que vier em mente. Mas o nosso foco é o trabalho educacional. A gente não quer ir lá para prender. O nosso interesse é meramente educacional. Agora, diante à insistência, os indivíduos serão conduzidos à delegacia para as medidas cabíveis", pontuou.

A PM terá o policiamento ainda mais reforçado nos municípios onde a tradição do São João é mais forte, isso inclui as tradicionais guerras de espadas. "O foco da PM é fazer cumprir o decreto estadual. Havendo aglomeração de pessoas do jeito que seja, a gente vai atuar para acabar. Não importa que seja guerra de espada ou paredão, como acontece em algumas localidades da capital, como no Subúrbio. Por exemplo, em Cruz das Almas, que tem a tradição da guerra (de espadas), a polícia vai chegar preventivamente para evitar que aconteça aglomeração. Ocorrendo o descumprimento do decreto, a nossa principal conduta é orientar. Insistindo, os responsáveis serão conduzidos à delegacia para registro de ocorrência", declarou o major.

Ele detalhou também como será a atuação dos policiais. "O decreto faz uma ressalva permitindo a realização de eventos científicos ou profissionais com até 50 pessoas, utilizando máscara, observando o distanciamento, uso do álcool em gel. São João é uma festa tradicional. Se um cidadão está em sua casa, com sua mulher e seus filhos e resolve aceder uma fogueira no quintal, não vejo nenhum mal nisso. O que a gente chama de festas de aglomeração? São locais onde as pessoas estão sem máscaras, não respeitando o distanciamento e nem a quantidade de pessoas. A gente pede também o bom senso das comunidades", completou.

Por fim, o major garantiu que, apesar das ações para o período do São João, o policiamento ordinário está mantido. "Todo o esforço ordinário da PM está mantido. O que vamos fazer é incrementar o policiamento". Ele pediu ainda para que as pessoas denunciem aglomerações e festas clandestinas. "Avise a Polícia Militar do seu município através do 190 ou então através do novo número do Disque Denúncia, 181, que atende todo o estado da Bahia".

Histórico ruim

No ano passado, mesmo com ações para conter aglomerações, tomadas pelas autoridades baianas, não houve jeito: os casos de covid-19 cresceram em até 280% nos municípios onde os festejos juninos são tradicionais, como Cruz das Almas, Amargosa, Santo Antônio de Jesus, Bonfim e Mucugê.

Algumas prefeituras ponderaram que houve aumento do número de testagens e afirmaram ter empreendido todos os esforços para barrar os visitantes e os festejos entre pessoas de casas diferentes, mas depoimentos de moradores, autoridades e da própria polícia mostram que o São João de 2020 teve influência direta no crescimento.

Mucugê, por exemplo, investiu em campanhas educativas e preventivas, e fechou todo o setor de hospedagem, proibiu que se acendessem fogueiras e soltassem fogos e instalou uma barreira sanitária na entrada da cidade, mas, ainda assim, obteve aumento de 200% nos casos. O município de pouco mais de 9 mil habitantes saltou de quatro para 12 infectados.

Em Senhor do Bonfim, o número de infectados pulou de 86 para 167. Santo Antônio de Jesus (SAJ) também investiu em uma comunicação que desestimulasse o turismo na cidade no período junino, além de ter recebido montagem de barreiras sanitárias nas entradas da cidade com apoio da Polícia Militar, mas, em números absolutos, teve a maior alta, de 253 casos para 571.

Na capital, uma força tarefa comandada pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) dispersou 32 aglomerações e desmontou 39 fogueiras em 26 bairros na noite do dia 23 de 2020. Além disso, a Prefeitura havia decretado a proibição de qualquer atividade sonora nas ruas durante a pandemia, independentemente do índice de decibéis. Mas, na noite de São João, a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) registrou 495 denúncias de poluição sonora em Salvador, número seis vezes maior do que o normal para a Operação Sílere, que, esse ano, faz nove anos de atuação.